O cenário pandêmico ao longo dos dois últimos anos tem afetado a vida da população ao redor do mundo de diferentes maneiras. Um dos impactos ocorreu na vida de casais e mulheres que planejavam engravidar e que, diante das circunstâncias, decidiram adiar o sonho. As incertezas geraram, portanto, um aumento na procura pelo congelamento de óvulos, procedimento que capta e armazena o material genético, garantindo a preservação da fertilidade da mulher e podendo ser utilizado futuramente.
Segundo profissionais da área, a busca pelo procedimento apresentou aumento de 50% durante a pandemia.
De acordo com o médico especialista em reprodução humana, Marcelo Cavalcante, a preservação da fertilidade por meio do congelamento de óvulos é uma realidade e tem sido cada vez mais acessível à população feminina. “É esperado que, na próxima década, haja um crescimento anual em torno de 20% no número de mulheres que procuram essa técnica. Quem já teve a oportunidade de congelar óvulos descreve um alívio do sentimento de autoculpa, caso tentasse conceber posteriormente e não pudesse engravidar”, explica.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que o adiamento da gestação é uma realidade no país. Entre 2009 e 2019, houve um aumento de 63,6% entre o número de mães na faixa de 35 a 39 anos. Para aquelas com idades entre 40 e 44 anos, o crescimento foi de 57% no mesmo período. Além disso, houve alta de 27,2% no número de mães com idades entre 45 a 49 anos. Os partos entre jovens, por outro lado, caíram 23% (até 19 anos).
Essa opção por congelamento de óvulos também é reflexo de diferentes prioridades na vida das mulheres como, por exemplo, foco na realização profissional e pacientes que precisam de tratamento contra o câncer.
“A idade também é um fator que influencia nessa decisão, permitindo que as mulheres alcancem um determinado padrão de qualidade de vida para decidir ter filhos”, completa o médico Marcelo Cavalcante.