O retorno aos palcos, depois de dois anos de isolamento, e o centenário da Semana de Arte Moderna são dois grandes motivos de celebração. Assim, personagens como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Mário de Andrade estão de volta nessa curtíssima temporada – imperdível para todos amantes da arte.
A pintora Tarsila do Amaral é uma das integrantes do “Grupo dos Cinco”, conjunto de artistas fundamentais para a realização da Semana de 1922. Apesar da forte presença da artista no movimento Modernista no Brasil e atuação para que o evento pudesse acontecer, Tarsila não esteve fisicamente presente no Theatro durante aqueles dias. Seu protagonismo, no entanto, não passou despercebido, e a criadora do Abaporu ficou eternizada na história brasileira. Entre os artistas que estiveram presentes na manifestação artístico-cultural de um século atrás, podem ser destacados Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Oswald de Andrade, personalidades que completam o quinteto e que perpassam diversas áreas do mundo das artes, desde a pintura à literatura.
É para celebrar a vida da artista e comemorar os 100 anos da semana de 1922 que a peça Tarsila está de volta; mas, desta vez, por meio do talento e criatividade do Grupo Mirante de Teatro da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. Com texto de Maria Adelaide Amaral, e direção de Hertenha Glauce, a peça homônima traz à tona intimidades, anseios e aflições da artista que ficou conhecida como a musa do modernismo brasileiro.
Diante da plateia, Tarsila entra em cena, assim como Anita, Oswald e Mário, importantes personagens modernistas e seus grandes amigos. O espetáculo é uma viagem que atravessa as memórias da pintora modernista e de seus afetos mais próximos, revelando os rostos e personalidades para além de quadros e poesias. A peça coloca em evidência a relação entre essas personalidades, e como esse contato foi o fio condutor para esmiuçar acontecimentos importantes para a cultura do início do século XX.
O espetáculo é encenado pelo Mirante desde 2016. Hertenha Glauce, coordenadora do grupo, conta que a ideia surgiu a partir de uma solicitação do então chanceler Airton Queiroz, diante da Exposição do acervo pessoal dele na época, em que figuravam várias obras modernistas. “De pronto e sem titubear, aceitamos o convite/desafio e montamos em tempo recorde a peça. Em dois meses estávamos com o espetáculo pronto para estreia! Uma grande produção! Cenário de época, réplica de quadros importantes e uma encenação ágil, impactante e sensível”, pontua a diretora.
De início, em 2016, o espetáculo foi montado em tempo recorde. Agora, apesar de ser uma remontagem, os preparativos estão a mil. “[Nós estamos] voltando ao texto, voltando a ter contato com essa emoção, com esses personagens que são tão fortes. ‘Tarsila’ tem um ‘quê’ de drama, porque a vida dela não foi fácil, e também tem uma pitada de humor. O texto é maravilhoso e estamos agora nesse momento de reensaio, de produção e correr atrás para poder estar tudo pronto no dia 13 de maio”, assegura Ivan Lourinho, ator no papel de Oswaldo na peça.
Tarsila
Teatro Celina Queiroz
Av. Washington Soares, 1321 – Edson Queiroz
Dias: 13, 14 e 15 de maio (sexta e sábado, às 20h e domingo, às 19h)
Ingressos: R$ 40,00 e R$ 20,00 (vendas online no site Sympla, Loja do Campus e Bilheteria do teatro nos dias das apresentações)
Texto: Maria Adelaide Amaral
Direção: Hertenha Glauce
Elenco: Annalies Borges, Ivan Lourinho, Lena Iório e Eurico Mayer
IMPORTANTE: Conforme Decreto n° 34.722, de 30 de abril de 2022, do Governo do Estado do Ceará, é obrigatória a apresentação de Passaporte Sanitário (comprovante físico ou digital de esquema vacinal completo) e documento de identificação com foto para acesso ao Teatro.
Uma imersão de cultura modernista
Para quem deseja conhecer mais sobre Tarsila do Amaral, o “Grupo dos Cinco” e o Modernismo em suas diversas nuances, a Fundação Edson Queiroz inaugurou, no dia 22 de março, uma grande exposição aberta ao público sobre os “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará”, localizada no Espaço Cultural Unifor. Sob a curadoria de Regina Teixeira de Barros, a consultoria de Aracy Amaral, a mostra reúne peças de colecionadores particulares e públicos e deve ficar em cartaz até dezembro de 2022.
CURIOSIDADE
Abaporu é uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral. É uma das principais obras do período antropofágico do movimento modernista no Brasil. É a tela brasileira mais valorizada no mercado mundial das artes, com valor estimado de US$ 40 milhões, sendo comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini por US$ 2,5 milhões, em 1995, em um leilão realizado na Christies. Criador do Museu de arte latino-americana de Buenos Aires (MALBA), Costantini doou sua coleção para o museu, incluindo a Abaporu. Anteriormente a obra pertencia ao empresário brasileiro Raul Forbes, numa aquisição ocorrida em 1985.