Coluna OcasionaisDestaqueGastronomia ConceituAdaSociedade

Mulher de Vitórias – Raquel Holanda, chef de cozinha e professora universitária | @holandaquel

Raquel Holanda é uma combinação harmoniosa de introspecção, humor, dedicação profissional e amor pelas pequenas coisas que fazem a vida valer a pena. Sua personalidade encantadora e multifacetada faz dela uma pessoa verdadeiramente especial, que enriquece a vida de todos ao seu redor. Ela combina timidez e contemplação com um humor encantador e contagiante. Seu espírito introvertido permite-lhe observar o mundo com um olhar atento e reflexivo. Essa sua qualidade contemplativa enriquece tanto sua vida pessoal quanto profissional, permitindo-lhe abordar desafios com uma perspectiva única e inovadora. Apesar de sua natureza reservada, Raquel é conhecida por seu senso de humor vibrante, sempre pronta para alegrar os dias daqueles ao seu redor com sua gaiatice. Sua habilidade de encontrar humor nas pequenas coisas da vida faz dela uma companhia agradável e querida. Profissionalmente, Raquel é uma workaholic apaixonada por suas áreas de atuação. Sua dedicação e empenho são evidentes em cada projeto que ela abraça, sempre buscando a excelência e se destacando em tudo o que faz. Essa paixão pelo trabalho não apenas define sua carreira, mas também inspira aqueles que têm o privilégio de trabalhar com ela ou tê-la como professora. Além de sua vida profissional, Raquel é uma entusiasta de diversas paixões. Ela encontra grande alegria na companhia de seus seletos amigos, de sua cadela, Adelaide, na leitura e nos encantos da cozinha. Raquel é uma leitora ávida que aprecia a magia das palavras e o poder das histórias para transportar e transformar. E, como a boa comida é também uma fonte constante de prazer, Raquel está sempre pronta para criar, experimentar e servir novos sabores em pratos, harmônicos, elegantes e deliciosos. Deleite-se em conhecer a cativante Mulher de Vitórias da vez, Raquel Holanda!

Raquel e Dorival Caymmi, no Rio de Janeiro

Em rápidas palavras, quem é Raquel Holanda?

Uma pessoa tímida, contemplativa, gaiata, no sentido de ter muito senso de humor, e workaholic – sou simplesmente apaixonada pelas minhas áreas de atuação. Apaixonada por cachorro, leitura e comida também!

Qual a relevância dos estudos na vida desta pessoa tímida e gaiata?

Para mim é impossível falar dos meus estudos sem associá-los ao trabalho. Então, começo contando que estudei a maior parte do meu período de escola em um colégio no bairro onde morei por 26 anos, o “Janela para o mundo”. Lá me apaixonei por leitura, ciências exatas e por criatividade. Descobri amizades que irei levar pra vida toda, como o Ale e a Isa. Me inspirei e fui muito bem encaminhada aos meus propósitos. Nesse período eu fazia biscoitos em casa e vendia para as clientes no salão de beleza da minha mãe. Uma em especial, até comprava algumas unidades para colocar nas cestas de café da manhã da sua floricultura. Cursei francês e tive uma queda por esse idioma trés chic. Sempre fui metódica em planejar meus caminhos, então desenhava mapas com as possibilidades para seguir carreira. Durante meu ensino médio, estava indecisa entre seguir com arquitetura ou gastronomia. Passei em uma seleção para cursar edificações, para posteriormente seguir com arquitetura, mas esse curso precisou competir com a seleção para técnico em cozinha e saiu perdendo. Este momento seria o meu divisor de águas para escolher a gastronomia como profissão. Fiz o curso, tive experiências muito boas e comecei a me identificar com o ato dele me servir como profissão. Inclusive, lá eu conheci Muniz, Jarlan e Larissa, que hoje trabalham comigo. Mesmo com nenhuma experiência, pouca idade, mas com muito interesse e curiosidade, liderei a turma para um evento de São João onde produzimos quitutes para vendermos e angariarmos recursos para uma comemoração de conclusão de curso. Com algumas ressalvas, ao fim de tudo, fomos bem sucedidos! Nesse tempo também fiz alguns cursos no Senac. Na verdade, cresci vendo minha mãe se profissionalizando na área da beleza naquela instituição, então já entendia a qualidade da aprendizagem daquele local.

E qual foi a sua experiência após a conclusão do tão sonhado curso?

Terminei o curso técnico. Formada, senti uma necessidade enorme de ter experiência na cozinha e, ao mesmo tempo, gerar renda para pagar a faculdade de gastronomia. Sem medo nenhum, mas com muita timidez, imprimi 30 currículos e fiz uma lista de lugares onde poderia entregá-los. Como ideia dos meus pais, selecionei lugares onde seria produzida comida que eu já teria alguma familiaridade, como self-services mais simples, churrascarias, etc, já que costumava fazer o almoço em casa enquanto eles trabalhavam. Eu estava pronta para imprimir mais 30 currículos se fosse necessário, mas o 15º me ligou e tive a minha primeira e mais traumatizante experiência na cozinha. Imagine só: uma menina de 19 anos, tímida, sem experiência, sem acompanhamento de outro profissional, colocada para substituir alguém que era responsável pelo buffet em produção de 20 opções de saladas, 5 guarnições, montagem e manutenção do buffet. A cozinha era composta por 4 cozinheiros bem mais velhos, mal educados e sem higiene. No meu primeiro dia, 2 cozinheiros tiveram uma discussão e “puxaram a faca” um pro outro ali, na minha frente. Foi jogada uma panela de água quente e tigelas enquanto eram aferidos palavrões. Enquanto isso, ainda faltava produzir muita coisa para a abertura do restaurante naquele dia. Eu estava completamente perdida e assustada, mas parei a briga com o poder da falta de conhecimento. Antes deles começarem a discutir, eu estava preparando um molho de pimenta. Ali eu não tinha noção de como preparar um molho de pimenta, e ainda tinha vergonha de perguntar e ser humilhada de alguma forma, mas, caso você esteja iniciando na cozinha, não faça isso – comunique-se! Pergunte tudo que você não souber, essa comunicação salva produções. Cortei as dedo-de-moça, enchi um panelão com elas, pimenta caiena, molho de pimenta chilli e cebola. A discussão começou e minha panela esquentou acompanhando a confusão. Como todos saíram da cozinha devido a briga, ficaram os dois cozinheiros e as pimentas na panela. Criou-se uma fumaça picante e densa. Os cozinheiros tiveram que pausar sua briga, saíram tossindo e passando mal de dentro da cozinha. Desta vez, xingando a mim, a “novata”. Ninguém conseguia entrar para apagar o fogo e a situação só piorava. Até que o gerente foi até lá, retirou a panela e colocou na calçada, virando a esquina com os olhos carregador de lágrima e uma tosse atroz. Isto para que pudéssemos voltar a trabalhar. Dali, mais dois dias tão radiantes como este se passaram. Lá estava eu chorando na janela do ônibus enquanto voltava para casa e pensando: “Meu Deus, será que a cozinha é isso mesmo? Que sofrimento é esse? Eu estou cansada, não aprendi nada e vou receber só a passagem como pagamento”. Logo em seguida, meu celular tocou e do outro lado da linha, minha mãe me disse que um senhor havia me ligado e que gostaria de me dar a oportunidade de uma primeira experiência na cozinha. Ele deixou o número e assim que cheguei em casa, apesar de muito relutante, liguei pra ele. Seu Neto, dono de um restaurante chamado Dona Dê, fica em um posto de gasolina no bairro de Fátima, junto com outros empreendimentos seus. Eu havia deixado o currículo na semana anterior, era o 18º da lista. Marquei uma entrevista e criei esperança. A primeira impressão que passei, segundo meus colegas, era de uma garota sonsa e fraca. “Essa daí não vai aguentar duas semanas.” Mas aguentei. Iniciei como auxiliar de cozinha, fazia trabalhos como lavar a louça, higienizar folhagens, preparar saladas, fazer limpezas, arrumar, limpar e repor o buffet, enfim, uma trabalheira grande! Dei conta, modéstia a parte, fiquei mais rápida e aguentei a barra. Ali fiz amigos, trabalhei muito, pratiquei muito, aprendi demais! Ri, chorei um pouquinho mais, algumas vezes, como parte do meu amadurecimento, enfim. Foi um período de muito trabalho e aprendizado. Assim segui e paguei minha faculdade. Eu acordava cedo, trabalhava, ia pra faculdade e dormia e acordava. E ainda arranjei um tempinho pra ter um namorado. Nem que fosse para vê-lo apenas no intervalo entre o trabalho e o início da aula.

Onde você fez faculdade?

Cursei gastronomia na Unichristus, onde sou professora hoje. Participava de todos os eventos e cursos possíveis, foi quando conheci grandes chefs, estudei bastante, fiz mais amigos e grandes colegas de trabalho. Ah! Minha turma foi maravilhosa! Dalí saíram ótimos profissionais, como instrutores, chefs, cozinheiros, confeiteiros, e consultores. Muita gente boa mesmo!

Corpo docente do curso de gastronomia da Unichristus,

Entre a graduação e minha primeira pós-graduação, passei por lugares que me enriqueceram demais. Trabalhei um  tempinho na confeitaria contemporânea da Ana Paula Rezende, voltei ao dona Dê promovida à cozinheira, com responsabilidades de liderança e criação, fui para o Beach park, pois havia recebido um telefonema valiosíssimo do Bernard Twardy, para trabalhar no resort Wellness, como auxiliar de cozinha. Aceitei, para me munir de gastronomia hoteleira, eventos, grandes produções e mais da conhecida “pauleira” da cozinha.

Raquel com Élcio Nagano e Bernard Twardy, durante o planejamento do evento de lançamento do livro Ceará à Mesa, em 2023.

Ali conheci mais gente que arrasa demais na cozinha, até meu atual chefe-coordenador Paulo Casadevall. Nós recebíamos treinamentos de aperfeiçoamento e em uma dessas oportunidades, eu como boa nerd, respondia prontamente a todas as perguntas técnicas que o chef fazia. Hoje eu espero ter passado uma boa impressão. No Wellness fui chefiada por 2 pessoas que me inspiraram grandemente, o chef Roberto Oliveira e o chef Francisco Vieira. Sou extremamente grata pelos ensinamentos e experiências – e pela paciência deles também! Ao mesmo tempo, trabalhei no Pipo restaurante, com o queridíssimo chef Diego Gastón. Ali aprendi a refinar minhas finalizações. Ele ensinava sobre plating, gastronomia moderna e elegância no prato. A rotina era puxada! Acabei saindo do Wellness, ia pro Pipo e estava com minha mãezinha muito doente. Ela enfrentava um câncer e a família se dividia para acompanhá-la no hospital. Tive que escolher um dos dois empregos, escolhi o Pipo. Dali fui para o L’ô restaurante, tive grandíssimas experiências com eventos, doces, altas produções e mais sobre gastronomia refinada. Infelizmente, perdi minha mãe… Nesse período, tive que reaprender a viver. Foi muito doloroso e demorei muito tempo para me acostumar com qualquer rotina sem ela. No L´ô, eu fiquei encantada com um serviço tão bem orquestrado. Era harmonioso o cantar das comandas, o preparar dos cozinheiros e a montagem do chef. Eles também faziam eventos com montagens impecáveis de finger foods e mesas. Vê-los trabalhando de maneira tão sutil e com tanta qualidade me inspirou demais. Trabalhei na Casa Bendita como confeiteira, onde conheci a Debinha, reencontrei o Reinaldo (que conheci no Beach Park) e reencontrei o Muniz, também. Todos trabalham comigo hoje no Senac. Mas é isso, a cozinha é uma só, nós sempre revemos grandes profissionais pelas cozinhas da vida. Fiz alguns cursos de aperfeiçoamento técnico, estudei bastante, principalmente pra aliviar a cabeça – procurar um refúgio mental mesmo.

Chef Roberto Oliveira e parte da nossa equipe da cozinha do Wellness Resort, no Beach Park

Alguma coisa mais?

Well, você perguntou, então prepare-se! Em paralelo, comecei a fazer consultorias em restaurantes, colocando novos cardápios de sobremesa, ajustando produções, refazendo finalizações e nessas, fiz algumas consultorias pelo interior do Ceará, como quando fui até Itapipoca reestruturar uma cozinha e as preparações de um gastrobar. Durante a pandemia fiz minha primeira pós graduação em food design, estudando mais sobre finalizações, plating, gastronomia contemporânea, esses assuntos… Voltei para o L’ô restaurante, e ali fiquei na praça das entradas e sobremesas, até a seleção para confeiteira no Café Senac. Eu preparava entremets, brownies, biscoitos, coffee breaks e lanches quando precisava. Fiz mais uma pós graduação, desta vez, em docência no ensino superior. Participei de uma seleção para professor de confeitaria 1 na Unichristus, e iniciei na docência. Passei pelas disciplinas de Gastronomia Brasileira, Confeitaria 1 e Confeitaria 2. Hoje estou com as turmas de Gastronomia Contemporânea, Projeto Integrador, Habilidades e Técnicas 2, além de lecionar a parte teórica de Confeitaria 2 ao lado do chef Albertino.

Como você se vê hoje, Chef?

Então, sou colega de trabalho dos mestres e chefs dos quais “um dia desses” eu fui aluna. Tenho uma grande admiração por essas pessoas, nunca deixaram de apoiar, orientar e tive inclusive a presença de professores na missa da minha mãezinha, que se solidarizaram com a minha dor. No Senac, com a abertura de uma vaga na chefia do restaurante Mayú, fui interina por 3 meses, como teste de perfil e habilidade, deu tudo certo. Hoje, sou chef de uma equipe simplesmente incrível. São pessoas altamente capacitadas, criativas e que me inspiram todos os dias. Sou fã dessa equipe e muito grata por tê-los comigo. Construímos um vínculo de amizade e respeito que torna os dias mais leves, ter uma cozinha harmônica assim é uma jóia rara.

Camarões cearenses com creme de cogumelos

Fale-me de suas atividades no Senac.

No Senac, tenho oportunidade de conhecer e trabalhar com grandes profissionais, lugares e aprendo bastante, porque convivo com gente que sabe muito e não tem medo de compartilhar e multiplicar esse conhecimento. No Restaurante Mayú, eu exercito uma gastronomia que busca enfatizar brasilidades com a criatividade e elegância da equipe. É uma atividade ímpar. Um laboratório de gastronomia todo o tempo, onde nós evidenciamos ingredientes e identidades brasileiras com profissionalismo. Ano passado estive em Brasília para levar um pouco da cultura alimentar Cearense e foi uma experiência grandiosa. Viajei com parte da minha equipe, conheci mais profissionais que agora sou fã, visitei lugares, me diverti, me emocionei e cresci muito. Estou me preparando para iniciar um mestrado, e pretendo chegar ao pós-doc. Gosto muito de estudar outras línguas, então pratico inglês e estou iniciando o italiano. Ao longo desses dois últimos anos, me interessei bastante por liderança e projetos, então também possuo formações nessas áreas.

E como uma pessoa dinâmica assim no trabalho relaxa?

Sou uma pessoa muito tranquila, mas com muitos hobbies. Gosto muito de ler, principalmente thrillers, romances e desenvolvimento pessoal. Sempre gostei muito de cultura pop, super heróis, animes, cinema e música. Gosto de conteúdos de mistério, true crime e suspense, apesar de ser uma pessoa super medrosa. Gosto de tocar instrumentos escondida, ukulele e estou aprendendo a tocar guitarra. O próximo será bateria. Também curto jogar board games, de todos os tipos – já joguei RPG de mesa e online também. Tenho duas cadelinhas, gosto de brincar e passear com elas. Amo viajar, conhecer lugares novos, comer bem, tomar vinho e planejar coisas. Nunca pensei que diria isso, mas também gosto de fazer exercícios pra aliviar a mente, como ir à academia, andar de bicicleta e correr.

Raquel e sua cadelinha Adelaide

Você tem muitas amizades?

Tenho amigos que amo demais. São pessoas que estão comigo em qualquer situação, me deram muito apoio nos momentos difíceis, me dão muitos motivos de gargalhadas e um quentinho no coração. Chego a me emocionar pensando em como eles são especiais pra mim. Minha turma é sensacional. Destaco a Danda, que é amiga de infância, Jovitu e o Frainho. Estes são da época do colégio, e acho que também serão da época do asilo. Tenho amigos que conquistei através do Frainho, mesmo com poucos encontros, não muda em nada o carinho que tenho por eles. Esse povo é talentosíssimo, inteligente, engraçado, lindo, companheiro e só tenho a agradecer pelo amor que eles me dão em pequenas e grandes coisas. Eu tenho pessoas divertidas em todos os âmbitos da minha vida. Me divirto com meus amigos do trabalho, com meus amigos pessoais quando saímos pra praia, trilha, ou quando tiramos pra jogar alguma coisa, me divirto sozinha visitando cafeterias, lendo, ouvindo música, vendo filmes ou séries e etc, com minha família também, enfim. Acho que a diversão está em ser espirituoso e nas companhias, eu tenho uma sorte tremenda de ter pessoas bem humoradas perto de mim.

E seu contexto familiar?

Sou filha de um pai motorista de ônibus e uma mãe cabeleireira. Tenho um irmão mais velho, que hoje tem uma família linda. Meu pai nunca deixou faltar nada pra nós em casa, ele também fazia alguns trabalhos de pedreiro, eletricista, pintor, encanador, um faz tudo. Levantou nossa casa, e outras por aí por Fortaleza. Sempre foi uma inspiração no trabalho duro, gentileza e perseverança. Ele me ensinou a andar de bicicleta, a fazer palhaçada e a desossar frango. Isto porque ele já trabalhou em hotéis e teve um contato grande com a cozinha. Na ocasião, eu havia faltado a aula de desossar frango e uma prova dessa prática seria aplicada na faculdade. Comprei um frango, ele me mostrou como fazer e deu tudo certo na prova. Minha mãezinha foi minha maior inspiração. Ela me apoiou e me incentivou durante a vida inteira. Linda, vaidosa, educada, só tinha o pavio meio curto, mas era muito decidida e responsável. Ela valorizava a família, as amizades, a vida religiosa, o matrimônio e era a minha cúmplice. Juntas fizemos viagens, demos risadas, abraços – ela me ensinou tanto! Não poderia imaginar que todas aquelas homenagens de dia das mães onde eu cantava, dançava e escrevia cartas seriam tão pouco perto do que ela merecia. Amor maior não há mesmo. Eu a admirei por sua feminilidade, compaixão, força e história. Ela começou a trabalhar quando criança e cuidava dos irmãos, enquanto sua mãe trabalhava, isso explica seu senso de responsabilidade afiado. Inclusive meu tio, irmão da minha mãe nessa época, ainda pequenininho, pintava em roupinhas de bebê costuradas pela mãe para completar o sustento. Infelizmente, ela combateu o câncer até onde pôde. Foram tempos difíceis, mas de muita coragem, fé e força. A batalha foi árdua, mas eu acredito que ela está ao lado da sua mãezinha, a minha vovó Mazé, na paz de Deus e Nossa Senhora. Então como pode perceber, venho de uma linhagem de pessoas fortes e trabalhadoras, morro de orgulho e de amor por esse pessoal todo.

Os pais de Raquel, Da. Luíza e Sr. Valdeci

Como você reage aos desafios que se apresentam?

Não sou muito de reclamar, apesar de ter tido muitas oportunidades. Os desafios vêm e nos deixam experientes, prontos, treinados e fortes. Eles podem ser dolorosos, mas nós superamos e quem sabe conseguimos até ajudar alguém em uma jornada parecida com a que tivemos. “As coisas podem até dar errado, mas não devem deixar ninguém definir seus limites a partir de sua origem. O único limite é sua alma.” (Ratatouille, 2007). Então, seja uma pessoa gentil, procure sua paz de espírito e se conheça, você consegue superar qualquer desafio.

4 lições de vida que o filme Ratatouille pode te ensinar

Vamos festejar Fortaleza?

Fortaleza é linda demais, né não? Uma cidade de 298 anos – recentemente comemorados no último dia 13 de abril – com um potencial imenso e muito a compartilhar. Precisa melhorar (e muito) no quesito “segurança pública” e “desigualdade social”, mas o fortalezense sabe viver. Estamos entre os destinos mais procurados pelos turistas e com razão. Meu avô paterno era conhecido na cidade como Chiquinho das encomendas. Ele fazia algumas entregas e aproveitava para dar carona para estudantes e trabalhadores pelo caminho. Ele não cobrava. “Ah, mas o que tem a ver?”. O que faz Fortaleza ser o que ela é são pessoas como ele e como as pessoas que tomavam carona. A gente faz acontecer, corre atrás, se diverte e aproveita. Temos lindas paisagens, bom humor, garra e cultura pra dar e vender. E pense num povo sabido! O povo do Brasil é diferenciado, de uma maneira geral! Quero conhecer pessoalmente todos os cantos do Brasil. Em especial a região Norte. Tenho certeza que vou ter memórias de experiências incríveis. Já conheço meu Ceará,  Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Pretendo este ano conhecer algumas produções de vinhos nacionais ali pela região Sul, depois o destino vai ser o Pará.

Robalo confitado, nhoque e creme de cauína

O que e elegância?

Uma forma de expressão que está além do que se tem ou se veste. Graça, delicadeza e simplicidade acho tudo! Conseguimos transmitir elegância com comportamentos e levezas. É um atributo no qual eu tenho extremo interesse – dentro e fora da profissão – e  procuro cultivá-la. Na gastronomia existem possibilidades de explorá-la e quando você acerta o tom e faz uso dele, hum… É valorosíssimo!

Creme de couve com banana da terra

Como está a sua saúde?

Acho que eu me encaixo naquela parcela de pessoas que costuma dizer “É… tenho que ver isso daí!” ou “Tenho que marcar uma consulta depois!”, e é isso. No geral, eu me preocupo com minha alimentação, pratico exercícios físicos, durmo bem e não tem como você trabalhar na cozinha bebendo pouca água! Pra fazer tudo que a gente se propõe e tem vontade tem que ter saúde. A vida é um dom. Às vezes eu fico até pensando, a gente tem tanta coisa pra fazer… Mas isso é bom. Eu acho a vida desafiadora, mas também é muito divertida. Concordo com a frase que diz que a vida é dura pra quem é mole. Desse modo, se você tem propósitos, curiosidades, perseverança e positividade, você pode transformar as coisas à sua volta.

Muitos sonhos, projetos e projeções para o futuro?

Caramba, tenho muitos sonhos. Já realizei vários, mas ainda quero viajar muito, ser mestre, doutora, escrever livros, conhecer o Tiririca pessoalmente, ter um chihuahua, formar uma família, é muita coisa! Mas eu acho isso legal demais, ter projeções. Estou me preparando para 2 grandes projetos, os dois têm relação com gastronomia, por enquanto ficarão entre os que estão envolvidos, mas vai ser muito bacana. Um deles é social e o outro comercial. Para o futuro, eu almejo ter paz de espírito, barriguinha cheia e boas companhias.

Vamos falar de “amor”.

Sou muito romântica. Já tive minhas historinhas de amor, sou muito contemplativa nesse sentido. Vejo amor em tudo, no cuidado que temos com as pessoas, na confiança, no abraço, na gentileza, no tempo. O amor é encantador, falo de todos os tipos de amor, especialmente os registrados por C.S. Lewis em “Os Quatro Amores”, 1960.

Quais os medos de uma mulher de tantas vitórias e força?

Sempre que me pego imaginando possibilidades em que me sentiria plenamente sozinha, fico mal. Tenho medo de deixar as pessoas que amo sem amparo, medo de “visage” e de sofrer acidentes. Tipo isso!

Você tem uma música que lhe inspita?

“Heaven’s On Fire” do KISS. É um rock que explode energia e paixão. É animada e ilustra a liberdade e sugere uma experiência quase transcendental de amor. A música captura a essência do rock dos anos 80, com a melodia e a intensidade da cultura pop da época.

Qual o supra sumo de tudo o que você disse aqui?

Você pode chegar aos seus objetivos se possuir foco, trabalhar, ser positivo e se empenhar na busca do aperfeiçoamento. Trabalhar com gastronomia, especialmente na criação de novas experiências na cozinha, pode ser duro, mas é encantador.

 

Veja mais

Márcio Correia

Graduado em Psicologia e Inglês, pela UMHB, nos EUA, e com cursos de aperfeiçoamento em gerenciamento e marketing feitos ao longo de sua vida, Márcio é um entusiasta e adora gente, cultura, festas e novidades. Já morou nos EUA por muitos anos e sempre que pode encontra novos lugares para conhecer. Acumula boas experiências nas áreas da música, moda, design, arquitetura e organização de eventos. Já foi colunista em um jornal local e atualmente organiza eventos sociais e empresariais, além de ser professor de inglês e assinar a coluna OCASIONAIS para o Portal ConceituAdo

Recomendado pra Você

Botão Voltar ao topo
Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios