MENINO DE CARVÃO é um curta metragem do cineasta Fram Paulo que conta a história de um menino do interior no nordeste que sofre violência doméstica por parte do pai, um homem grosseiro que não teve acesso à escolaridade. A família é vítima das condições precárias de sobrevivência no sertão, da seca e da falta de políticas de convivência com o semiárido. O pai usa a pouca renda conseguida com a produção de carvão vegetal para gastar com bebida. A criança no filme sem nome – para dar ao personagem um caráter bem mais universal – é obrigada pelo pai a ajudá-lo no trabalho na produção de carvão que o impede de frequentar a escola, mesmo diante da intervenção da mãe que também sofre violência doméstica.
O protagonista do filme é um menino esperto, questionador, independente e que tem uma relação muito forte com a sua mãe que, diferentemente do seu pai, lhe dá o máximo de atenção e cuidado que pode. Ele sempre a acompanha e conversa com sua mãe sobre o pai ao passo que também questiona sobre as razões dele não ir para a escola estudar. A mãe explica que a situação é devido à ignorância do pai, que diz que escola não é pra gente pobre.
Sempre que vai para a cidade vender o carvão, o pai volta bêbado e agride sua esposa; o menino, sempre que pode, escapa para se livrar das agressões. Ele tinha um irmão. Um dia, quando foi na companhia de sua mãe ao cemitério visitar seu irmão, conta que lembra do irmãozinho chorando muito, e do seu pai embriagado sacodiu a rede com tanta brutalidade que ele havia parado de chorar imediatamente. O irmãozinho havida batido de encontro a parede e morrido instantaneamente. O pai o fez se calar. Nesse momento a mãe o abraça fortemente e os dois choram; o menino sugere à sua mãe: “Vamos embora pra bem longe dele!” com a esperança de os dois deixarem aquela vida de agressões diárias para traz.
Sempre que está sem fazer nada, o menino vai caminhar pela comunidade, um dia encontra uma coleguinha de aula que dá um recado da professora que é pra ele ir pra aula. A coleguinha o entrega um livro. Em casa, ele esconde o livro para que o pai não o veja. Sempre que está sozinho folheia-o sem entender o que está escrito. Em dado momento, ele resolve falar para o pai que a professora mandou dizer que ele tem que ir para escola. O pai nega a situação imediatamente, mas o menino, então, diz que vai mesmo contrariando suas ordens. Nessa hora o pai pega o menino e o espanca. Com a intervenção da mãe, ele se desvencilha, sai correndo e foge. Muito esperto, consegue chegar numa cidade grande e vai viver nas ruas. Vivendo de esmolas, e de sobras encontradas no lixo, é acolhido por moradores de rua, tem contado com as drogas e a criminalidade, se vicia, já na juventude, e morre de overdose.
Filme que pretende contribuir para a discussão sobre a questão das relações familiares no tocante à violência doméstica e à exploração do trabalho infantil pelos próprios familiares. O filme traz à tona a questão da violação de direitos básicos das crianças previstos em Lei. A ficção se passa em uma comunidade isolada do município de Senador Pompeu. Uma família que vive da produção de carvão. O menino de 6 anos de idade, que não pode mais ir à escola, pois vive trabalhando com o pai na caieira de carvão e ajudando a mãe nos afazeres de casa. Gravado no município de Senador Pompeu, no Ceará, entre os meses de novembro e dezembro de 2008, com refinado roteiro e excelente direção de Fram Paulo.
O filme, o trabalho infantil e a violência doméstica
MENINO DE CARVÃO pretende contribuir para a discussão o sobre a questão das relações familiares no tocante à violência doméstica e a exploração do trabalho infantil pelos próprios familiares. O filme traz à tona a questão da violação de direitos básicos das crianças previstos em Lei. Todo o enredo se passa em uma comunidade isolada do município de Senador Pompeu, no Ceará. O árido drama é parte do cotidiano de uma pequena família – pai, mão e filho – que vive da produção de carvão, na região. O menino tem 6 anos de idade e não consegue ir à escola, como deveria, por que vive trabalhando com o pai na caieira de carvão e ajudando a mãe nos afazeres de casa, restando assim pouco tempo para outras atividades pertinentes à idade, como brincar, se socializar e frequentar uma escola.
O filme foi gravado no município de Senador Pompeu, no estado do Ceará, mais especificamente na comunidade de Oiticica, Distrito de Engenheiro José Lopes e sede do município com roteiro e direção de Fram Paulo. A equipe técnica é formada por alunos da oficina de audiovisual, interpretação dos atores do núcleo de teatro e trilha sonora original de Carlos Ney, um músico de Senador Pompeu. O filme ganhou os prêmios de Melhor Direção e Melhor Fotografia no Festival Nacional de Cinema e Vídeo de Floriano, no Piauí.
Na época o diretor Fram Paulo, que é de Senador Pompeu, coordenava um projeto cultural do município. Os atores e técnicos que participaram do filme faziam parte de um exercício prático.
Segundo o diretor do filme, o forte tema da obra se instaura devido às suas viagens, percepções e observações cotidianas pelo sertão cearense. “Eu percebi a existência de muita violência doméstica e exploração do trabalho infantil em alguns locais por mim visitados; então me veio a inquietação de criar uma forma de, pelo menos, sensibilizar e estimular o debate sobre essas questões. Eu vi no audiovisual uma ferramenta fundamental que chegaria às escolas e assim, de alguma forma, contribuir para a erradicação da exploração do trabalho infantil, a importância da educação para as crianças do campo e a questão da violência doméstica contra as mulheres – que ainda persiste, embora tenha diminuído, sensivelmente” diz o autor.
Elenco
Eltanin Alighiere – O Menino de Carvão
Erick Vandick – O Menino de Carvão mais novo
Sherida Sousa – A coleguinha
Cícero da Silva – O pai
Maria Elcelane – A mãe
Polinne Lima – A irmã da coleguinha
Fram Paulo – O Menino de Carvão adulto
Ficha Técnica
Fotografia – Washigton Alves
Som direto – Ivanildo Teixeira
Edição: Fram Paulo e Karla Samara
Assistência: Lucas Souza, Cícero Gerlânio e Alex Pedrosa
Still: Karla Samara
Designer Gráfico: Paulo Eduardo
Trilha Sonora: Carlos Ney
Roteiro e Direção – Fram Paulo
Paulo reporta que muitos educadores comentam que o MENINO DE CARVÃO é um filme que facilita a questão da percepção sobre o impacto da violência doméstica e da exploração do trabalho infantil na vida de crianças. E que além disso, abre espaço para a sensibilização, consciência e educação nesse contexto, baseado na questão da cidadania e da garantia dos direitos humanos e infantis.
Segundo o autor, o filme tem levado as pessoas à reflexão e ao debate em salas de aulas e em projetos sociais. Há muitos feedbacks na internet de ONGs, escolas e universidades que trabalham com o filme MENINO DE CARVÃO em seus espaços, como também vários trabalhos produzidos por estudantes – músicas, poemas, peças teatrais, até produção de vídeos parodiando o Menino de Carvão – a partir do filme, no Brasil inteiro.
FRAM PAULO | Poeta, ator, diretor teatral, pesquisador, cineasta, dramaturgo, radialista, produtor cultural, podcaster e roteirista formado em Arte Dramática pelo CAD-UFC. Escreveu, produziu e atuou em diversos trabalhos ao longo da vida nas respectivas áreas acima listadas.
CEO DO FILMMAKER NA UZINA VIDEO PRODUÇÕES – DESDE 2005
PRODUTOR DE CONTEÚDO RADIOFÔNICO, AUDIOVISUAL E FOTOGRÁFICO, 2013-2018
Centro de Defesa dos Direitos Humanos / ASA – Senador Pompeu
COORDENADOR TÉCNICO DO NÚCLEO DE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL, 2009-2013
Instituto Casarão de Cultura e Cidadania – Senador Pompeu
COORDENADOR E INSTRUTOR DA OFICINA DE AUDIOVISUAL, 2006-2008
Secretaria da Cultura de Senador Pompeu – Ponto de Cultura Arte Sobre Rodas
Principais produções
AS ALMAS DO POVO É O SANTO DO POVO
(CURTA-METRAGEM – DOCUMENTÁRIO, 2008)
Roteiro e direção (produção com alunos do Ponto de Cultura Arte Sobre Rodas)
MENINO DE CARVÃO
(CURTA-METRAGEM – FICÇÃO, 2009)
Roteiro e direção (produção com alunos do Ponto de Cultura Arte Sobre Rodas)
Prêmios de Melhor direção e melhor fotografia – Festival Nordestino de Cinema do Piauí
REISADO DO SÃO JOAQUIM
(DOCUMENTÁRIO, 2010)
Roteiro, direção e edição.
CAMINHANDO AO CAMPO SANTO
(DOCUMENTÁRIO, 2011)
Roteiro, direção, fotografia e edição
A MORTE DO CANAL DA VIDA
(DOCUMENTÁRIO, 2012)
Roteiro, direção, fotografia e edição.
SECA, CONVIVER PARA VIVER
(DOCUMENTÁRIO, 2013)
Roteiro, direção, fotografia e edição
DONA CAROBA
(CURTA – FICÇÃO, 2014)
Roteiro, direção, fotografia e edição
ELO AMIGO 15 ANOS
(DOCUMENTÁRIO INSTITUCIONAL, 2016)
Fotografia e edição
MEMÓRIAS DO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DA SECA DE 1932
(DOC WEB SÉRIE, 2021)
Direção e edição
CARNAÚBA ÁRVORE DA GENEROSIDADE E RESISTÊNCIA
(DOCUMENTÁRIO, 2021)
Direção, fotografia e edição
QUANTO VALE UMA VIDA?
(DOCUMENTÁRIO, 2021)
Fotografia e edição
FALA, INHAMUNS!
(WEB SÉRIE, 2021)
Fotografia e edição
A RAINHA E SEUS REIS DE BARRO
(SÉRIE, 2021)
Finalização e produção