Os cozinheiros costumavam ser personagens invisíveis. Felizmente isso mudou! Hoje, muitas vezes, eles são a razão de irmos a um restaurante. Muitos deles são quase celebridades de tão conhecidos que se tornaram. Contudo, existe uma coisa que ainda não mudou – eles trabalham quando todo mundo está relaxando – e o trabalho é intenso, rápido e sempre demanda nada menos que a perfeição. Hoje vamos conhecer Pedro Emílio: o curioso e inquieto menino de subúrbio, educado entre escolas públicas e particulares, formado em Economia Doméstica pela UFC e em Gastronomia pela Faculdade SENAC Águas de São Pedro, em São Paulo, e com uma cerificação de Chef Profissional pela The Culinary Institute of America. Hoje ele é bem requisitado e viaja o país, tanto para montar grandes banquetes, como para representar a empresa em que trabalha e apoiar alunos competidores que treina.
Enquanto lemos, nossa inspiração é “Por una Cabeza”, a música favorita de nosso entrevistado – um tango composto pelo argentino Carlos Gardel e o brasileiro, Alfredo Le Pera, em Nova York, em 1935. Sua letra se refere às corridas de cavalos. Há também um paralelo com os relacionamentos com a vida e com lindas mulheres. A música mostra um compulsivo apostador de corridas de cavalo que jura abandonar seu vício, mas que todo domingo fraqueja; assim como promete abandonar uma determinada mulher, o que não consegue, porque basta cair nos braços dela para desfalecer em seus beijos uma vez mais.
“Por una cabeza, todas las locuras: su boca que besa, borra la tristeza, calma la amargura…”
A carreira dos cozinheiros é hoje reverenciada. Além de celebridades, eles também são comparados a cientistas, alquimistas, loucos, iconoclastas, artistas, mágicos… e passam horas em pesquisas para chegar à harmonização ideal em meio aos elementos da boa cozinha: sal, gordura, acidez e calor. A maioria das pessoas imagina que os grandes chefs e cozinheiros lidam apenas com lagostas, trufas, ouriços do mar e alimentos exóticos. Isso não é de todo irreal, mas muitos profissionais gostam mesmo é do desafio de transformar e criar a partir do alimento banal e corriqueiro. Usando alimentos “comuns” como a carne de porco e a melancia, assim foi que Pedro criou um prato que é um dos pontos altos de suas experimentações – uma terrine suína com rosbife de melancia – culinária mundial com charme alencarino que em breve publicaremos.
“Por una cabeza, si ella me olvida, ¿Qué importa perderme mil veces la vida? ¿Para qué vivir?”
Pedro Emílio é Instrutor de Gastronomia e Cozinheiro. Apesar de ser um bom Chef, ele não gosta muito de ser chamado assim. Perguntei qual a diferença entre os termos. “Há diferenças entre os dois termos devido às respectivas funções. O chef de cozinha tem uma função semelhante a de um gerente geral. Os chefs precisam ser cozinheiros, mas nem todo cozinheiro é um chef,” explica. Então, de maneira geral, o cozinheiro trabalha apenas com a produção dos alimentos. Enquanto que o chef precisa lidar com a administração da cozinha, com a organização da sua equipe, controle o estoque, elaboração de cardápio, etc. Aprendi algo novo! Vejamos alguns dos pensamentos específicos de Pedro.
“Cuántos desengaños, por una cabeza… ¡Yo juré mil veces no vuelvo a insistir! Pero si un mirar me hiere al pasar su boca de fuego, otra vez quiero besar… Basta de carreras, se acabó la timba… Un…”
- Família – Horizonte da vida. Sou filho único e sei que tenho a dura missão de cuidar de meus pais quando o peso da idade lhes chegar. Tenho a convicção que eles já fizeram o suficiente e quem em breve será o meu momento de lhes retribuir mais cuidado e carinho.
- Fé – É pouca, mas tenho! Tenho uma relação de medo da morte. Não sei, ao certo, a razão…
- Novidade – Fui convidado e aceito pela Maçonaria recentemente, uma ordem fraternal fincada em valores de discrição, tradição, trabalho e filantropia. Estou aprendendo e me desenvolvendo ainda mais como ser humano.
- Globalização – Fundamental, mas creio que com o passar do tempo, nós vamos pensar mais no que nos está próximo, valorizar nossos produtos e com isso nos distanciarmos do mundial e voltarmos para o regional. Em Fortaleza, temos muito o que evoluir ainda. Parar de pensar pequeno, podemos dar um grande salto na economia, educação, etc…. Ainda se tem uma cabeça muito fachada em nosso cultura. Mudar cultura é difícil, eu sei, mas é um bom desafio! Precisamos de ganas para evoluir.
- Saúde – Fundamental, física e mental… Fiz bariátrica há dois anos. Perdi 54 quilos. Odeio academia, mas gosto de sair andando por aí… Muito bom mudar – evoluir! Sinto-me outra pessoa: espacialmente, posso me movimentar até melhor dentro das cozinhas; psicologicamente, não mudou tanto – sou meio desencanado mesmo! Mas sei que há muita “gordofobia” e ela fere muita gente. Aliás, cerca de 55,7% do Brasil está acima do peso dito ideal. E o excesso de peso, pode acarretar doenças graves, como hipertensão e diabetes. Deveríamos combater isso! Bem, resolvi me cuidar mais. Próxima!
- Vida – Sou cozinheiro, não sei o que isso é! Há sempre cardápios, logística, compras, organização… Mas sou resistente! Trabalhar horas a fio em pé não é para todos, mas se você escolhe a profissão, você precisa vestir o avental e cozinhar…. Contudo, nem tudo está perdido! Entre alguns de meus passatempos estão ler ficção, suspense e história; estudar para se atualizar com relação ao seu trabalho e estar um passo à frente do mercado; cozinhar para mim, seus pais, e alguns amigos; e ver filmes de impacto –que façam pensar e emocionar mesmo.
- Sonho – Passar dos 100 anos de idade, com saúde, integro de sanidade mental e física. Estou no caminho certo agora.
- Poder – Se quer conhecer o caráter de um homem, dê-lhe poder. O poder é um grande “demônio” que nem todos sabem como lidar. Poder sem sabedoria pode ser torna opressão.
- Futuro – Não faço planos… Continuar fazendo meu oficio hoje e sempre tentar evoluir como pessoa. Mas quero fazer um intercâmbio para a Buenos Aires… muito provavelmente ano que vem… país lindo, gente forte, mix de culturas europeias com toque latino! Tenho que usar meu espanhol rápido!
- Mensagem – Não sei se sou a pessoa mais indicada para ser um norte, ou para dar conselhos ou deixar mensagens, mas creio que tentar ter uma vida melhor, ajudando ou próximo é de grande valia tanto para si como para os que são alvo de suas ações.
