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Homem de Vitórias – Luiz Guilherme Maciel Melo

Estudante militar e atleta orientista

Bons alunos e grandes atletas são pessoas determinadas a seguir um estilo de vida mais rigoroso que os ajudem a se aproximar de melhores resultados e desempenhos. Por trás disso, geralmente, há sempre muito planejamento, um grupo de apoio e a crescente ajuda da ciência e da tecnologia. Um filósofo inglês chamado Francis Bacon escreveu: “Um homem que é jovem em anos pode ser velho em horas, se não perdeu tempo. Mas isso acontece raramente.” Sendo assim, prepare-se! Hoje conheceremos alguém raríssimo: um jovem que não perde tempo. Luiz Guilherme Maciel Melo, estudante e atleta, que tem trazido honra para sua Pátria, reconhecimento para sua escola, orgulho para seus pais, alegria para seus amigos e fantásticas experiências de vida para si – além de visibilidade para o esporte que pratica.

 

 

Defina “Luiz Guilherme”.

Eu acho difícil falar de mim mesmo; não me vejo como alguém “especial”. Sou apenas uma cara comum: tenho 15 anos, sou aluno do Colégio Militar de Fortaleza, atleta corrida de Orientação, faço atletismo nas modalidades fundo e meio fundo, pratico tiro esportivo, e já fui atleta de natação. Como já deu para notar, eu me identifico muito com esportes, principalmente Orientação; e, apesar de ter começado há pouco tempo, já tive grandes conquistas, como ir ao Campeonato Mundial Escolar, em 2019, na Estônia, e ser campeão brasileiro, por exemplo. Sou meio introspectivo; às vezes, prefiro não expor minhas ideias. Contudo, sei ser alegre e comunicativo, depende do grupo e da ocasião. Enfim, tudo depende das circunstâncias, definitivamente, nem eu sou capaz de me entender. Tenho minhas qualidades e defeitos – tudo se mistura e me faz ser eu.

Qual a importância do esporte na sua vida?

O esporte é fundamental! Ele nos proporciona melhoras em todos os campos da nossa vida: acadêmico, social, mental e, obviamente, físico. Sem o esporte eu não sei o que seria de mim, sinceramente! Acho que o grande marco da minha vida foi quando me engajei no incrível mundo dos esportes. Sempre fui um garoto elétrico, que não parava de correr onde quer que estivesse! No sétimo ano, eu caí de cabeça em competições pela equipe de natação do meu colégio. A partir daí, eu viria a fazer parte do esporte que, definitivamente, mudaria minha vida, a Orientação.

Família COqueiro

Orientação? Que esporte é esse?

Um esporte que todos precisam conhecer, e que tem ajudado em meu amadurecimento como pessoa. Depois dele, a minha vida decolou com incríveis experiências, novos amigos e aprendizados. Eu devo dizer que sou apaixonado pela Orientação! É um esporte incrível, onde estamos diretamente em contato com a natureza, com paisagens deslumbrantes (apesar de não termos muito tempo para apreciá-las, pois fazemos parte de uma competição e devemos completar os percursos o mais rápido possível), superando nossos limites, com experiências novas a cada competição. Quando estou em uma prova, me sinto livre, mesmo estando “preso” dentro de um mapa, pois tudo depende de minhas escolhas. Também acho incrível que, mesmo sendo por apenas alguns instantes, consigo “me encontrar” durante a corrida. Também graças a esse esporte entrei para o atletismo, esporte que também me identifiquei e me apaixonei.

E como ficam os estudos com uma agenda tão agitada assim?

Muitos acham que o estudo é algo insignificante, que não usaremos muito do nosso aprendizado em nossas vidas, apenas para a escola, ENEM ou universidade. Eu definitivamente não acho isso, eu tenho ciência que precisaremos de todo nosso aprendizado em algum momento de nossas vidas, e você, querendo ou não, precisará estudar durante um bom tempo para conseguir uma vida melhor. Tenho horário para tudo, estudar, treinar, brincar, conviver com amigos e familiares… é uma questão de organização e bom ânimo.

Como um aluno-atleta passa seu tempo livre?

Em circunstâncias normais, o meu passatempo favorito é andar de bicicleta. Acordo todos os domingos, bem cedo, coloco minha roupa e com minha bike vou direto da garagem para o mundo. Às vezes convido minha mãe ou uns amigos para pedalarmos juntos! A sensação de ter o mundo pela frente para descobrir com uma brisa batendo no rosto cria uma sensação de liberdade radical. Falo para uns amigos que esse é o meu “tempo de descanso”. Agora, durante a quarentena, o meu passatempo favorito tem sido mapear lugares; por exemplo, já mapeei minha casa, meu colégio, atualmente, estou mapeando a área comum do meu prédio. Nós orientistas somos viciados em mapas, além do mais, o mapeamento é uma “arte”! Quando vejo um mapa, vejo uma obra de arte. Quem um dia tiver a curiosidade de pesquisar mapas de orientação, e ler um pouco mais sobre isso, compreenderá melhor o que quero dizer. É algo mágico!  Apesar de gostar muito de locais frios, montanhosos e áreas de florestas, eu tenho um apreço especial por lugares quentes e ensolarados como as praias, afinal eu nasci em Fortaleza, e é muito difícil não criar uma paixão pelo mar.

Fale sobre sua família.

É nossa família que nos molda. Ela define quem nós somos, como agimos e, de certa forma, como nós pensamos. Por exemplo, quem nunca ouviu aquela frase da mãe “se você faz isso em casa, vai fazer na rua também”. Em casa aprendemos a falar, nossos pais, tios, avós nos ensinam a como se comportar em devidas situações, sobre respeito, sobre amor etc. Eu amo minha família, claro que nada é perfeito, mas sou feliz com eles, e sei que se não fosse por causa deles, eu não seria quem sou hoje.

O que um atleta pode falar sobre “força”?

Acho que todos nós devemos ser fortes, não necessariamente fisicamente, mas, principalmente, fortes mentalmente. Para mim devemos saber defender nossas ideias. Muitas vezes, podem existir pessoas próximas de você como amigos, pais, namorada ou namorado que discordam de suas ideias, posições, sonhos e escolhas – e podem até não acreditar no seu potencial. Nessas horas é importante ser forte, forte para não se abalar, não desistir e seguir em frente independentemente da situação, sem desistir de sonhos e projetos de vida.

Como é estudar no Colégio Militar?

Tenho muito orgulho de estudar no Colégio Militar de Fortaleza, Casa de Eudoro Correia, um colégio do exército, centenário e repleto de tradições. Orgulha-me também vestir seu uniforme. No início, não apreciei muito a ideia ingressar nesse colégio, porém com o passar do tempo, me apaixonei por ele, e todas a oportunidades e experiencias que ele me proporciona. Dizem que este tempo de escola é a melhor parte das nossas vidas… Bem, ainda não sei bem sobre isso, afinal ainda estou no 1ª ano do ensino médio. Provavelmente daqui a 2 anos, vou entender ainda mais sobre ter saudade (mas ela já está começando a bater).

A palavra “saudade” já existe no seu vocabulário?

Sim, e é algo dolorido. Tenho observamos isso principalmente nessa quarentena. Saudade dos amigos, dos parentes, do colégio, de sair de casa, de praticar atividades ao ar livre, dos esportes, entre outras dezenas de coisas que eu poderia passar a página escrevendo. Temos que aprender a valorizar essas coisas e pessoas enquanto podemos, pois, querendo ou não, quando elas se forem ou não pudermos mais fazê-las, iremos nos lamentar, nos arrepender, sendo que não podemos voltar no tempo. Então pense nos seus atos, atitudes, e valorize o que você possui ao seu redor, pois no futuro de nada lhe valerá o arrependimento.

Esse orgulho se estende ao Brasil também?

Tenho orgulho de pertencer a este país. O Brasil é enorme, repleto de culturas, pessoas e sotaques diferentes, com paisagens incríveis (outro privilégio para nós orientistas, pois em nossas competições ao redor do pais temos a oportunidade de conhecer belas paisagens naturais e lugares incríveis, que provavelmente nunca conheceria se não fosse pelo esporte) e pessoas acolhedoras. É um país fascinante comparado com muitos outros, claro que descartando os inúmeros problemas sociais ou políticos que vivemos a um bom tempo, porém acredito que um dia superaremos tudo isso.

O que você tem feito nesse período de pandemia?

Acho importante nos mantermos saudáveis, tanto fisicamente como mentalmente, principalmente nesse período de quarentena que vivemos. Por ser atleta, é fundamental que eu sempre procure me manter saudável, estou sempre em movimento e evito ao máximo fastfood. Tenho uma alimentação equilibrada e mais saudável, afinal, assim posso talvez alcançar a longevidade. Também procuro sempre fazer uma atividade descontraída, relaxante ou até “diferente” para manter minha saúde mental, afinal não podemos ficar sempre na “mesmice”. Tenho passado um tempo com meus avós em Minas Gerais, aproveitando essa pausa presencial das aulas e treinos. A vida é um mistério, tem sempre seus altos e baixos, as vezes chega a ser até confusa… Enquanto a normalidade não se instaura, é bom está perto de quem se ama.

Quais os seus sonhos?

Indo direto ao ponto, o meu sonho é um dia poder competir entre os melhores do mundo, é ser um grande orientista. Também desejo um dia poder fazer parte da equipe de alto rendimento do exército, ser um atleta olímpico por parte do atletismo e poder representar o meu país, carregando sua bandeira no peito, como já o fiz uma vez.

Atletas campeões têm medo de algo?

Todos nós temos medos e as vezes nem nós mesmos sabemos nossos maiores medos. Eu acho que o meu medo é de ser apenas mais um neste vasto mundo em que vivemos. Quero fazer diferença! Tenho medo de não alcançar o que eu almejo, medo de fracassar. Quero escrever o meu nome na história; quero um dia poder ser lembrado pelo que eu sou, penso e o meu maior medo é que isso nunca aconteça independente do meu esforço. Por outro lado, tenho me esforçado em ser persistente e focado.

Luiz Guilherme e seus pais, Sr. Luiz Joel de Melo e Sra. Andrelia Maciel, Melo, Maj.

Quais os seus planos para o futuro?

O futuro é e sempre foi um mistério, mas claro que não podemos apenas deixar a vida nos levar, devemos ter objetivos. Atualmente, o plano é ingressar na EsPCEx-AMAN, e lá me um tornar atleta de alto rendimento do exército, fazendo parte da equipe da CDE. Claro que para chegar a esse nível será preciso muito esforço, dedicação e sacrifícios, que estou disposto a passar para conquistar o meu sonho. Um dia também pretendo criar projetos para difundir a Orientação no Brasil, principalmente dentre os jovens – creio que este artigo já possa ser um bom começo.

Você é o meu entrevistado mais jovem, o que é “vitória” para você?

Acho que vitória é uma consequência de nossas escolhas e sacrifícios. Um bom exemplo disso foi ano passado no Campeonato Brasileiro de Orientação Sprint, em Salvador, onde obtive êxito graças às minhas escolhas. Enquanto uns foram passear, “turistar” ou algo do tipo (erro que já cometi e pretendo nunca mais repetir), me mantive disciplinado e focado na missão que tomei para mim… Claro que perdi coisas como me divertir com meus amigos, porém, no final de tudo, o sacrifício valeu a pena. Enfim, todo o nosso sucesso será baseado no que estamos dispostos a sacrificar por ele. Assim, então, acredito que com as escolhas certas alcançaremos vitórias mais constantes.

O que você quer que as pessoas assimilem de sua entrevista, em termos gerais?

Essa pergunta me pegou! Eu nunca havia exposto minhas ideias e pensamentos assim, e são tantos pontos diferentes que é difícil destacar os mais importantes. No geral, quero que as pessoas possam ver a vida de uma forma mais ampla… Canso de ser apresentado e falar com pessoas superficiais, que não procuram o porquê das coisas. Eu poderia simplesmente responder essas suas perguntas aqui com poucas palavras. Gostaria que as pessoas se tornassem mais pensantes em vez de só reagirem à vida. Podemos sim usar o que temos nas mãos, mesmo que pouco, para fazer nossas vidas melhores. Reclamar não muda muito sem ação!

 


Um pouco sobre ORIENTAÇÃO

Segundo o site da Federação Cearense de Orientação – FECORI – Orientação consiste em o atleta percorrer uma determinada região, andando ou correndo, para passar por pontos de controle marcados em um mapa, munido de uma bússola como meio auxiliar. É o atleta que escolhe o seu caminho e será vencedor àquele que fizer o percurso em menor tempo. O mapa de orientação contém todos os detalhes da vegetação, da hidrografia, do relevo e das construções feitas pelo homem. O atleta recebe o seu mapa e individualmente passa a percorrer os pontos de controle marcados no mapa, na sequência e, ao passar em cada ponto, registra a sua passagem por meio do picotador manual ou de um dispositivo eletrônico (Sicard). Será vencedor, o atleta que concluir o percurso em menor tempo. A Bússola é utilizada para facilitar a “navegação” do atleta. Ela também é utilizada para a definição de uma direção a ser seguida pelo atleta, em locais onde não existam referências nítidas a serem seguidas. Há três regras básicas para este Esporte: 1. Passar pelos pontos de controle marcados no seu mapa; 2. Marcar corretamente a sua passagem (manual ou eletronicamente) e 3. Categorias em que os atletas são agrupados conforme o sexo, a faixa etária e o grau de experiência no Esporte.

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Márcio Correia

Graduado em Psicologia e Inglês, pela UMHB, nos EUA, e com cursos de aperfeiçoamento em gerenciamento e marketing feitos ao longo de sua vida, Márcio é um entusiasta e adora gente, cultura, festas e novidades. Já morou nos EUA por muitos anos e sempre que pode encontra novos lugares para conhecer. Acumula boas experiências nas áreas da música, moda, design, arquitetura e organização de eventos. Já foi colunista em um jornal local e atualmente organiza eventos sociais e empresariais, além de ser professor de inglês e assinar a coluna OCASIONAIS para o Portal ConceituAdo

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