Clayton Barreto é natural de Natal, Rio Grande do Norte. Arquiteto, professor e escritor. Tem trabalhado com projetos, perícias e docência em diversas instituições no Rio Grande do Norte e no Ceará. Discreto, prefere ficar na sua, viver com simplicidade, e não curte muita agitação. Irrequieto, contudo, ele, durante a pandemia, encontrou nas letras uma forma de se expressar, se perpetuar e agradece aos seus pais, irmãos, amigos e professores pelo material de vida que disponibilizaram para a sua criação de mundos, estórias e vivências na publicação de seu livro. Ao som de sua música favorita, temos um breve e leve relato de suas paixões, afetos, práticas e sonhos. Seu desejo maior: viver e deixar mesmo que pequenos legados para fazer deste um mundo ainda melhor.
Vivir sin aire
Poder vivir sin aire
Como quisiera
Poder vivir sin agua
Quererte un poco menos
Como quisiera
Poder vivir sin ti
Siento que muero
Me estoy ahogando sin tu amor
Como quisiera calmar mi aflicción
Como quisiera poder vivir sin agua
Me encantaría robar tu corazón
Un pez nadar sin agua (no, no, no)
Como pudiera
Un ave volar sin alas
La flor crecer sin tierra (oh, no)
Como quisiera
Poder vivir sin ti (oh, no)
Siento que muero
Me estoy ahogando sin tu amor
Como quisiera calmar mi aflicción
Como quisiera poder vivir sin agua
Me encantaría robar tu corazón
Como quisiera guardarte en un cajón
Como quisiera borrarte de un soplido
Me encantaría matar esta canción
Quem é Clayton por Clayton?
Um homem ciente de suas limitações, mas apaixonado por desafios e que, ao aceitá-los, aprende muito. Sou curioso, atento e dinâmico. Aprender me motiva e estimula. A vida é uma aventura. Quando tomamos consciência disso, passamos a ter uma existência mais leve, por percebermos que é o processo de viver, nossas escolhas e o que aprendemos que importa… nada mais! Somos seres em construção… e boas construções e reformas demandam informação, tempo, paciência, dedicação e investimento. Creio que sou um arquiteto de mim mesmo! Sou prático, pé no chão e tenho um forte senso de independência… Com muita persistência, tento lutar pelo que desejo. Por outro lado, tenho uma luta interna para aprender a relaxar e me soltar um pouco mais e, para isso, prefiro um bom bate papo com amigos a um lugar cheio de gente e música alta.
Conte-nos sobre a Arquitetura.
Arquitetura foi uma descoberta na adolescência e cuja paixão ainda arde e me faz vivenciá-la em cada um dos novos projetos que tenho, na condução de obras, na docência, no paisagismo, no campo da perícia e da representação institucional. Arquitetura é algo bem abrangente e rico. Deixe-me falar um pouco mais sobre isso: a área mais comum na arquitetura é projetar casas, edifícios e outros ambientes que sejam, no geral, bonitos, confortáveis e funcionais. Contudo, alguns pessoas focam na área pública, assim um arquiteto pode atuar em projetos, urbanismo, restauração e conservação do patrimônio histórico de uma cidade, por exemplo. Se você pretende seguir nesta área, é preciso passar em um concurso público. Dica: gostar de estudar e se manter atualizado sobre técnicas e inovações pelo mundo. Muitos arquitetos, ao se formarem, iniciam uma carreira na área de design de interiores. Com isso, eles trabalham na parte de alterações de layout, gesso, iluminação, projeto de móveis, alterações gerais de espaços, e muito mais. Essa área de decoração oferece muitas opções de trabalho. Outras áreas de atuação para um arquiteto: projetos de iluminação – que produz impactos positivos nas pessoas – uma vez que a luz influencia até mesmo na saúde mental e física; paisagismo; restauração e conservação; urbanismo – um trabalho que é voltado para a defesa de estruturas e projetos de uma cidade e sua evolução urbana; pesquisa – o mundo digital tem possibilitado representar e elaborar projetos de forma mais rápida, segura e avançada; design de mobiliário, nomeando algumas áreas.
São muitas horas de estudo e dedicação à arte de projetar?
O bom profissional nunca deixa de estudar. Além da arquitetura, tenho formações em marketing, finanças, engenharia de produção, engenharia de segurança do trabalho, engenharia de materiais e design. Conhecimentos complementares que abriram portas ou foram apostas em oportunidades de mercado – e que me têm munido de vários instrumentos para me posicionar melhor no mercado.
Como você descansa sua alma, mente e corpo com tantas demandas assim?
Desenho, leitura e voluntariado são meus passatempos há 27 anos. Dediquei as últimas décadas de minha existência ao escotismo, mas estou pensando em abraçar outras causas como a da Cruz Vermelha ou a dos Médicos sem Fronteiras. Ultimamente tenho andado de bike com amigos e praticado tiro – adrenalinas novas e com ótimos benefícios. Boas amizades também amenizam a dureza do cotidiano. Uma vez questionei alunos meus sobre o que seria “amizade”. As respostas foram vagas para algo tão relevante. Amizade é intimidade, é cumplicidade, é poder contar com a atenção e o carinho de outra pessoa de forma desinteressada. É ter, algumas vezes, o zelo por parte de alguém que pode até morar longe, mas sabe estar presente. Amar e ser amado causa paz, tranquilidade e esperança!
Fale-me sobre a tríade família, força e fé.
Tenho me aproximado mais de meus pais – principalmente em virtude da idade avançada deles. Aproveitar para fazer e dizer aquilo que nunca foi vivido nos deixa mais leves e ricos. Visito a casa deles com frequência, levo convidados para ver as pinturas e trabalhos manuais de minha mãe, tomar um bom lanche da tarde no varandão da casa onde nasci e cresci, dentre várias outras coisas, nos renova a alma.
Sobre “força”, creio que o mal de muitos é o de buscar força no outro – ou em coisas externas. A força está dentro de nós. Precisamos nos amar para estarmos prontos para amar o próximo. Acredito que pessoas bem resolvidas são mais fortes e, assim, podem, e, na maioria das vezes, vão fortalecer outras.
Tenho fé na capacidade de superação que podemos desenvolver. Sei que coisas ruins acontecem com pessoas boas e que coisas boas acontecem para pessoas ruins. Na verdade, todos somos bons e maus, a depender das situações – ou de quem está julgando. Enfrentar os problemas e saber conviver com eles, quando não for possível solucioná-los, é o segredo de uma vida boa.
E o que você pode falar sobre lecionar?
Lecionar é um prazer, principalmente quando você percebe que faz a diferença na vida de uma pessoa. Infelizmente a sobrecarga de disciplinas e carga horária necessária para uma remuneração justa prejudica a performance de muitos bons professores. É o que torna mais dificultoso a atividade, função, trabalho, ou paixão, como queira do mundo acadêmico! Ossos do ofício! Amo este país não por ter aqui nascido, mas pelas potencialidades que ele tem. Temos tudo para sermos uma grande nação. A corrupção, o comodismo e a busca por um “salvador da pátria” ainda bloqueiam nosso crescimento.
Você falou de escotismo anteriormente. Você pode discorrer mais sobre isso?
O movimento escoteiro é a maior organização voluntária infanto-juvenil do mundo. Criada em 1907 na Inglaterra pelo general e herói de guerra, Baden-Powell, fez a diferença na minha vida ao aprimorar meu caráter, me fazer entender a importância das críticas e ajudar dezenas de famílias através da educação não-formal. É no grupo escoteiro que o “escotismo” verdadeiramente acontece. Quem aplica as atividades, dinâmicas e ajuda os escoteiros são os adultos voluntários, conhecidos por escotistas. Os jovens, por sua vez, são divididos conforme sua faixa etária para que possa ser trabalhado seis áreas de desenvolvimento: físico, intelectual, social, afetivo, espiritual e de caráter, com base nas características individuais de cada fase. As idades se dividem assim: 5-10 anos (Lobinho); 11-14 anos (Escoteiro); 15-17 anos (Sênior) e 18-21 anos (Pioneiro).
Para mais informações – https://www.escoteirosba.org.br/escoteiros-do-brasil
Você é do tipo que se cuida?
Quem não se cuida paga o preço pelo descuido. Uma alimentação diversificada, sem excessos (não encaro mais rodízio de nada) e a prática regular de exercícios é a receita de uma saúde longeva. Além do mais, encontramos pessoas de diferentes backgrounds, algo que enriquece nossas vidas, alimenta nossas almas e nos dá um sentimento de pertencimento vivo. A vida deve ser vivida em sua plenitude. Buscar experiências é uma fórmula que para mim está dando certo. Cabe a cada um buscar sua receita de uma vida plena.
Qual o sonho de vida?
O sonho de um tempo atrás era o de poder fazer a diferença na minha cidade através de uma função eletiva. Isso ficou para trás. Ter poder é viciante; feliz aquele que o usa e não se deixa ser usado. Se assim o fizer, quebra o vício que ele traz. O sonho hoje é continuar projetando, seguindo minha vocação e trazendo beleza e conforto para meus clientes na concretização de seus sonhos de morar bem. Parece vago? A satisfação de meus clientes é para mim algo fundamental! Isso causa uma plena sensação de dever cumprido em mim.
Você acredita no tal do Amor?
Sim. Contudo, não acredito em um único amor. Quantas relações se desenvolvem ou atrofiam com o tempo? Muitas almas gêmeas estão circulando por aí. Temos que dar a oportunidade das pessoas se aproximarem, aprenderem e ensinarem. Amor deve ser cultivado, celebrado, vivido e respeitado. Muitos o idealizam e esperam que ele por si só se nutra e vença. A batalha é diária, responsável e nossa!
Quais os projetos para o futuro?
Construímos o futuro agora. Acabei de lançar um livro: AKARI, que narra de forma ficcional a busca de uma jovem pelo pai perdido no Japão, ao passo que relata os desafios de viver em uma nova cultura e os muitos percalços que a busca pelos sonhos certamente provoca. Não ter planos é o pior futuro que se pode ter… Sucesso é realização. Se não se trabalha para realizar algo sua vida é fútil, sem sentido. Gosto se me aventurar pelo mundo: tenho alguma viagens marcadas para breve: umas a negócios e outras por puro prazer…
Na área profissional, como arquiteto, nos preocuparmos com a falta de moradia digna que aflige 5,8 milhões de brasileiros. Uma situação inaceitável para um país com tanta área disponível e com as mais diversas tecnologias que vão da casa de adobe até uma residência prototipada em impressora 3D. Quero poder contribuir para reduzir este déficit e vejo nos sistemas de construção a seco – tipo wood-frame, steel-frame ou com blocos de poliestileno expandido – uma forma de diminuir os números de acidentes na construção civil (11,6 para cada grupo de 100 mil. A média nacional é de 5,2 para cada 100 mil).
Fornecer um sistema construtivo mais ecológico, mais rápido e com muito mais qualidade do que o mais difundido hoje, que é o de tijolo cerâmico, está se consolidando em minha cabeça.
Do que – ou de quem – você sente saudades?
Tenho saudades da minha época dos 30 anos. Período mais fértil da minha vida em relacionamentos, realizações, viagens, estudos… enfim, um período de muita produção.
Como você gostaria de finalizar esta entrevista?
Quero agradecer a honrosa oportunidade e gostaria de deixar uma sugestão de vida para cada leitor: faça acontecer! Não espere pelos outros! Uma obra de arte que embeleza, uma horta ou jardim que frutifica, uma aula que inspira, uma ação voluntária que faz a diferença… Tudo isto deixa sua marca para um mundo melhor. Não precisamos ser super-heróis. Basta sermos heróis para um idoso, um vizinho, uma criança ou para um animal de rua. O pouco que damos já nos dá muito em troca.