Alain Philippe Guibert, um francês de Bordeaux, França, é um homem discreto, mas cheio de vida e histórias para contar. Veremos aqui um empreendedor cosmopolita, dinâmico, curioso, proativo e romântico. Ele fala de sua formação, suas raízes e algumas aventuras pelo mundo. Seu Bistrô na Varjota, como tantas outras boas casas, também passou pelas situações advindas por consequência da pandemia. Forte e otimista, ele festeja todas as vitórias – inclusive a da reabertura de seu Bistrô e da possibilidade de continuar servindo seus clientes com uma culinária autêntica, saborosa e acessível no coração gastronômico de Fortaleza.
Como começou a sua história com o Brasil?
Minha família tem uma história antiga aqui no Brasil. Meu avô, um grande especialista mundial dos aços especiais, foi chamado pelo governo brasileiro na década de 50 para ajudar a criar a indústria de aço do Brasil, no projeto do complexo de Volta Redonda. Tempos depois, meu pai, venho ao Nordeste com financiamento do banco mundial para desenvolver a irrigação. Cheguei com 9 meses de idade. Meu irmão nasceu em Fortaleza durante esse período. Frequentamos a escola em Fortaleza, Recife e Teresina, lugares onde moramos.
Quando deixamos o Brasil para irmos morar na Indonésia, onde meu pai foi chamado para outro projeto, eu estava com 10 anos, depois fomos morar também no Congo e voltei para França para estudar em paris, com 16 anos.
Um homem do mundo, literalmente! Em que você se especializou?
Me formei em Engenharia de Alimentos na Agro Paris Tech, a melhor escola da França, na área. Durante esse tempo eu fiz um estágio de 8 meses numa usina de açúcar e álcool, em São Martinho, Pradópolis, a alguns quilômetros Ribeirão Preto, em São Paulo.
Comecei a trabalhar para uma grande cadeia de supermercados na França na área de bebidas e vinhos na pesquisa, desenvolvimento, qualidade e marketing para uma marca própria. Depois, na mesma cadeia, me chamaram par desenvolver a política de compra de café da empresa. Virei então comprador internacional de café navegando entre as bolsas de valores do café, visitando os países produtores para selecionar os provedores mais sérios, provando e selecionando os cafés para criar os melhores blends para a nossa empresa. Eu chegava a comprar 10 000 toneladas de café por ano, e grande quantidade de café era do cerrado mineiro brasileiro. Daí, então, eu fui chamado por um grupo alemão para desenvolver o departamento de pesquisa e desenvolvimento de qualidade da filial francesa deles, em Marselha, e fiquei encarregado dos mercados franceses, espanhóis e portugueses. Após alguns anos, fui convidado a me tornar diretor comercial representando estes 3 países.
Como você se tornou dono de restaurante e conhecedor de vinhos?
Depois de um tempo, decidi abrir meu próprio negócio. Combinando meu principal hobby com a cidade em que cresci e no país que sempre mais gostei e onde firmei muitas de minhas raízes. Eis-me aqui para trazer a gastronomia francesa pra Fortaleza.
A gastronomia e os vinhos sempre foram minhas principais paixões. Eu passei muitas férias aproveitando para fazer estágio dentro de restaurantes de grandes chefs franceses como hobby. A degustação de vinhos também fazia parte disso tudo: eu tinha uma adega própria com mais de 400 garrafas na França. Sem falar da educação de vinhos que eu tive desde sempre através de meu pai que é um grande conhecedor de vinhos. Assim, então, vim para Fortaleza para fazer de meu hobby um negócio.
Conte sobre o seu negócio aqui na cidade.
Abri um bistrô e comercializo vinhos de alta qualidade há cinco anos. Um ano de obras de urbanização do polo gastronômico da Varjota na Rua Ana Bilhar, especialmente, e passando por 2 lockdowns foi difícil; contudo, ainda estamos de pé e animados aguardando para saudar nossos antigos clientes e fazer outros, Nossa qualidade ainda é a mesma. E felizmente a minha esposa trabalha comigo. Investimos muito aqui – toda a ambientação do local foi feita por ela com pinturas, desenhos e gravuras de renomados artistas cearenses, como Mano Alencar e Vando Figueredo.
Onde fica o Bistrô à Vin?
Nosso Bistrô fica na Rua Ana Bilhar, 1496, na Varjota. É um típico restaurante francês despretensioso. Ele é composto por 3 ambientes: bistrô, salão de eventos e uma área de varanda. Uma coisa engraçada: diferente do que algumas pessoas pensam aqui elas não vão comer pequenas porções de de comida e pagar preços altíssimos só porque estão em um restaurante francês. Nossa comida é farta e deliciosa. Nossos clientes e amigos sempre saem satisfeitos!
E o que mais lhe toca o coração, além da gastronomia?
A música sempre me acompanhou na vida e tenho um gosto musical muito eclético que pode ir do rock’n’roll dos anos 50 e pegar caronas na música clássica, música americana, rock francês, salsa, samba, e até o celebradíssimo Luiz Gonzaga, tudo depende do momento da vida e das emoções que a música pode procurar. E uma coisa que pouca gente sabe aqui é que adoro dançar! Algumas músicas marcantes para mim: Shout dos Everly brothers; Rachmaninoff concerto n2 op 18; Rapsódias Húngaras, de Brahms; A Forest, do Cure ; La déclaration, de Debout sur le zinc ; La vida es un carnaval, de Célia Cruz; Deixa a Vida me Levar, de Zeca Pagodinho; O Cheiro de Carolina, de Luiz Gonzaga – e essa de Luiz Gonzaga é em homenagem a minha esposa.
O Cheiro Da Carolina
Luiz Gonzaga
Carolina foi pro samba (Carolina)
Pra dançá o xenhenhém (Carolina)
Todo mundo é caidinho (Carolina)
Pelo cheiro que ela tem (Carolina)
Hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina
Pelo cheiro que ela tem (Carolina)
Gente que nunca dançou (Carolina)
Nesse dia quis dançá (Carolina)
Só por causa do cheirinho (Carolina)
Todo mundo tava lá (Carolina)
Hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina
Todo mundo tava lá (Carolina)
Pra oiá os que dançava (Carolina)
O Xerife entrou na dança (Carolina)
E no fim também cheirava (Carolina)
Carolina, hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina
E no fim também cheirava
Carolina
O dono da casa chegou com a mulesta
Chamou atenção de dona Carolina e
Dona Carolina venha cá
O povo anda falando aí que a senhora tem um cheiro diferente, é verdade?
– Moço, sei disso não, é invenção do povo.
– Ah, é invenção do povo, não é?
– É sim senhor
– Então dá licença
Hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina
Pra dançar contigo o xote (Carolina)
Pr’eu também dá um cheirinho (Carolina)
E fungar no teu cangote (Carolina)
Carolina, hum, hum, hum
Carolina, hum, hum, hum
Carolina
E fungá no teu cangote
Carolina