É hora de celebrar o amor novamente! Aproveitar a data e expressar sentimentos com palavras e ações. Ser criativo e surpreender a pessoa amada com gentilezas, mimos, atenção, paciência – vale tudo para que a frase “eu te amo” tenha mais calor, significância e verdade. O poema abaixo foi publicado em 1850 e é parte de uma coletânea de cartas de amor trocadas entre Robert e Elizabeth, dois jovens apaixonados. A história de amor, que começou com uma carta escrita por Robert, que admirava as poesias de Elizabeth, só iria se realizar após 574 correspondências. A inspiração para a escrita dos sonetos foi o romance do próprio casal. Depois de casados, Robert sugeriu que Elizabeth publicasse os textos. O livro viralizou na época! E ainda hoje é celebrado pelo mundo! Deixe-se, então, inspirar pela grandeza do amor desses dois – e feliz dia dos namorados!
SONETO 43 – COMO TE AMO?
Elizabeth Barrett Browning, autora
Luís Euzébio, tradutor
Como te amo? Deixa-me contar os modos.
Amo-te ao mais fundo, amplo e alto que
Minh’alma pode alcançar, além dos limites visíveis
E fins do Ser e da Graça ideal.
Amo-te até ao nível das mais diárias
E ínfimas necessidades, à luz do sol e das velas.
Amo-te com liberdade, como os homens buscam por Justiça;
Amo-te com pureza, como voltam das Preces.
Amo-te com a paixão posta em uso
Nas minhas velhas mágoas e com a fé da minha infância.
Amo-te com um amor que me parecia perdido
Com meus Santos perdidos – amo-te com o fôlego,
Sorrisos, lágrimas, de toda a minha vida! – e, se Deus quiser,
Amar-te-ei melhor depois da morte.
Poesia original, em inglês
Sonnets from The Portuguese Nr. 43
How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday’s
Most quiet need, by sun and candlelight.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood’s faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints,—I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life!—and, if God choose,
I shall but love thee better after death.
Elizabeth Barrett Browning (1806 – 1861) foi uma poetisa inglesa da época vitoriana. Autora de Sonetos da Portuguesa, uma coletânea de poemas românticos — sua própria história de amor com o marido, o também poeta Robert Browning. O Soneto de número 43 é considerado o mais belo escrito por uma mulher em língua inglesa. Elizabeth nasceu em uma família de 12 filhos que prosperou explorando fazendas na Jamaica e cuja mãe morreu jovem. O pai, por excesso de zelo ou se por egoísmo, proibiu que os filhos de se casassem. Aos 40 anos, Elizabeth recebeu a carta de um admirador de seus versos que foi logo se declarando apaixonado por ela. Era Robert Browning, 32 anos, também poeta, mas ainda construindo sua fama. Os dois iniciaram uma troca de cartas que evoluiu para uma paixão ardente, mas não concretizada. Elizabeth levou meses para permitir que Robert a encontrasse pessoalmente. As cartas dos dois foram publicadas e são lidas hoje como peças literárias de grande valor (não estão disponíveis em edição brasileira). Meses após o primeiro encontro – e muitas cartas depois – os dois se casaram às escondidas e fugiram para a Itália.