A Caatinga, o único bioma 100% brasileiro, desempenha um papel essencial na regulação climática e na preservação da biodiversidade do país. Ocupando cerca de 10,1% do território nacional e predominando na região Nordeste, sua preservação é fundamental para a segurança ambiental do Brasil. Com uma área de 862.818 km², a Caatinga é um dos biomas semiáridos mais biodiversos do planeta, abrigando um ecossistema único e adaptado às condições climáticas adversas.
A vegetação da Caatinga é notável por sua incrível capacidade de adaptação ao clima semiárido. Durante o período de seca, muitas espécies perdem suas folhas para minimizar a evaporação de água, o que confere à região o aspecto esbranquiçado que inspirou seu nome, originário do tupi-guarani: “mata branca”. No período chuvoso, a paisagem se transforma, com a rebrota das folhas e o florescimento da vegetação, demonstrando a resiliência do bioma.
A biodiversidade da Caatinga é impressionante, com uma vasta variedade de espécies, muitas delas endêmicas. Entre os mamíferos, são registradas 133 espécies, das quais 11 são exclusivas deste bioma e 10 estão ameaçadas de extinção, incluindo felinos como a onça-parda, jaguatirica e o gato-maracajá. A avifauna é igualmente rica, com 548 espécies de aves, sendo cerca de um terço endêmicas. Nos peixes, 203 das 386 espécies conhecidas ocorrem exclusivamente neste bioma. A fauna também inclui 79 espécies de lagartos, 114 de serpentes, 98 de anfíbios e uma grande diversidade de insetos, como abelhas e formigas, que desempenham papéis cruciais na polinização e dispersão de sementes.
Além de sua biodiversidade, a Caatinga tem um papel estratégico no combate às mudanças climáticas. Pesquisas realizadas pelo Observatório Nacional da Caatinga indicam que sua vegetação é altamente eficiente no sequestro de carbono, sendo capaz de armazenar entre 45% e 60% do dióxido de carbono capturado sem liberá-lo de volta para a atmosfera. Esse potencial contribui significativamente para a regulação climática em níveis local, regional e global, ajudando a reduzir os impactos das emissões de gases de efeito estufa e promovendo o equilíbrio ambiental.
A preservação da Caatinga também garante a continuidade de serviços ecossistêmicos vitais para a população que depende desse bioma. Cerca de 28 milhões de pessoas vivem na região e dependem de recursos essenciais, como a provisão de água, solos férteis para cultivo, matérias-primas, além de benefícios como regulação climática, ciclagem de nutrientes, purificação da água e do ar, e a possibilidade de atividades recreativas e econômicas sustentáveis.
“Apesar de sua grande importância ambiental, a Caatinga enfrenta ameaças crescentes devido ao desmatamento, queimadas e uso inadequado dos recursos naturais. A conservação desse bioma único exige ações urgentes e políticas públicas eficazes para garantir a sustentabilidade e proteção desse ecossistema. Investimentos em pesquisa, educação ambiental e práticas de manejo sustentável são fundamentais para assegurar que a Caatinga continue desempenhando seu papel vital na manutenção do clima e na biodiversidade do Brasil”, ressalta Samuel Portela, coordenador de conservação da biodiversidade da Associação Caatinga.
“Portanto, é fundamental que a sociedade se conscientize da necessidade de preservar a Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro que desempenha uma função crucial para a saúde ambiental do país e do planeta”, complementa.
Sobre a Associação Caatinga
A Associação Caatinga é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão é conservar a Caatinga, divulgar suas riquezas e inspirar as pessoas a cuidar da natureza. Desde 1998, a associação atua na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento local sustentável, aumentando a resiliência das comunidades rurais frente à semiaridez e aos efeitos do aquecimento global.
https://www.acaatinga.org.br/
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