O filme ‘Victoria e Abdul – O confidente da Rainha’, dirigido por Stephen Frears, já se tornou um dos mais queridinhos clichês britânicos do diretor e uma grande aposta de indicações para premiações.
Estrelado pela talentosíssima Judi Dench e pelo privilegiado Ali Fazal, o longa-metragem narra uma amizade, quase que inimaginável, da monarca com um servo indiano, e traz à tona diversas reflexões acerca de conflitos socioculturais de uma Inglaterra do século XIX.
Ao longo da obra marcada pelo seu roteiro excepcional, elenco de peso e uma impecável direção de arte, o espectador é apresentado à história da rainha que nitidamente é definida pelos costumes nobres, chegando a ser cômico em certos momentos.
Cansada, velha e solitária, mesmo estando rodeada de gente chata e babona, Victoria se vê encantada ao se aproximar de Abdul Karim e ver seus interesses de lealdade e amizade, tirando-a da monotonia real e a induzindo a um mundo de novas descobertas, despertando a fúria e a inveja dos demais “legítimos da corte”.
A intolerância ao indiano por questões sociais, étnicas, religiosas, culturais e raciais é exibida de forma transparente, revelando uma ideologia de supremacia anglicana branca e xenofóbica da época, que infelizmente, mesmo depois de um século, ainda há resquícios desse posicionamento aos últimos acontecimentos europeus com a chegada de milhares de imigrantes e refugiados.
O fim se concretiza de forma trágica, curiosa e muito emocionante, que comove, ensina e faz chorar (aos mais sensíveis), principalmente em saber que a história é baseada em fatos reais, relatados em um diário de Abdul, descoberto muitos anos depois.
Texto: Wendel Rodrigues