Após duas semanas da estreia aqui no Brasil e a poucos dias da premiação do Óscar, o longa-metragem “Eu, Tonya” segue conquistando a crítica e alcançando colocação entre as 20 melhores bilheterias nacionais de 2018. A obra que rendeu três indicações à maior premiação da indústria cinematográfica – de ‘Melhor Atriz’, ‘Melhor Atriz Coadjuvante’ e ‘Melhor Edição’ – conta a biografia de uma das mais talentosas patinadoras artísticas dos EUA, Tony Harding.
Com a direção de Craig Gillespie, o filme percorre a vida da ex atleta desde sua infância pobre e agitada até aos seus momentos de glórias e derrotas durante sua carreira. Baseado em entrevistas o roteiro é bastante fora do comum. As cenas são intercaladas com narrações dos personagens, onde tentam apresentar suas versões na história, o que deixam ainda mais intrigantes. Outros recursos bem explorados são a quebra da quarta parede e o zoom in, enfatizando diversos momentos dramáticos e dando de um show de edição.
A ex arlequina, Margot Robbie, interpreta a protagonista e mostra todo o seu talento de atuação, considerando essa participação como a melhor de sua carreira. Não é à toa que recebeu suas primeiras indicações ao Globo de Ouro e ao Óscar.
Outro destaque da trama é a performance de Allison Janne, que interpreta a mãe de Tonya – a atriz ganhou o Globo de Ouro de coadjuvante por esse trabalho e também foi indicada ao Óscar na mesma categoria -. De maneira rude, abusiva e controversa, ela mostra toda a dedicação de uma mãe à filha, com o desejo de torná-la uma estrela da patinação. Mesmo de maneira nada carinhosa ela acaba conquistando a atenção do público.
Apesar de ter sido a segunda mulher e a primeira americana a realizar o salto Triple Axel na história da patinação artística, toda sua carreira é destruída quando um possível envolvimento no ataque de sua principal rival em competições, Nancy Kerrigan, acontece. Vítima ou cúmplice?
O filme também traz à tona a discussão de diversas problemáticas enfrentadas por Tonya, durante toda a sua vida. Desde a separação traumática dos seus pais, ainda em sua infância, aos atos de violência doméstica do relacionamento abusivo com o seu primeiro marido, até ao preconceito enfrentado em sua atividade esportiva, tendo em vista que ela era totalmente “fora dos padrões” elitistas do esporte.
Diante de uma revolução feminina nas telas de Hollywood, “Eu, Tonya” não fica para trás. Ver mulheres sendo protagonistas em quatro produções indicadas ao Óscar de melhor filme – ‘Três anúncios para um crime, ‘A forma da água’, ‘The post: A guerra secreta’ e ‘Lady Bird: A hora de voar’ – traz a esperança de narrativas, reais ou fictícias, inspiradoras, repletas de superação e de muita coragem.
Texto: Wendel Rodrigues