Texto inspirado na prostituição de mulheres da segunda para a terceira idade e nas canções de grandes interpretes e compositores da música brega popular brasileira: Roberto Muller, Bartô Galeno, Evaldo Ribeiro, Carlos Alexandre, Antônio Marcos, Abílio Farias e Evaldo Braga.
Sinopse
Velha moça é um texto inspirado na prostituição de mulheres da segunda para a terceira idade e nas canções de grandes interpretes e compositores da música brega popular brasileira: Roberto Muller, Bartô Galeno, Evaldo Ribeiro, Carlos Alexandre, Antônio Marcos, Abílio Farias e Evaldo Braga. Jane, mulher da vida, 48 anos, é uma prostituta que, durante a vida noturna, começa a ser chamada de velha e, aos poucos, vai percebendo que a velhice lhe vem chegando, embora negue tal situação: “não me troco por essas meninas ai de 18, 20, 25 anos. Sou mais eu…!!!”. Dessa forma, o espetáculo revisita um tema polêmico e inquietante: a prostituição de mulheres da segunda para a terceira idade (mulheres que já estão aos seus 50 anos de idade e entrando para a terceira idade), bem como relatar a condição de ser uma mulher da vida, com 30 anos de rua e de vida boêmia; a mulher dama que enfrenta o dilema de sobreviver, aos 48 anos de idade, a venda do seu corpo, do seu sexo, do seu prazer; que enfrenta os perigos da vida marginal noturna, perdida numa noite suja sem fim: “Você acha que eu queria ganhar a vida dando a periquita, benzinho? Já estou há 30 anos aqui…nesse campo de guerra, noite após noite…aguentado calada os castigos do destino; da vida. Não é fácil viver neste mundo; nesta vida. Todas as mulheres que estão por aqui…vivenciado a boca da noite a madrugada, são artistas. Para viver na vida, tem que ser artista. Fingir. Mentir. Criei um mundo de maravilhas, para não sentir o amargo da vida e das fodas nojentas que temos que aguentar. (…) Você acha que vou brigar com o destino? Pra que? Se Tudo na minha vida deu errado? E assim vou vivendo… !!!”. Velha moça! “Velha é o caralho!”.
Censura: 18 anos.
A montagem
VELHA MOÇA é um monólogo que tem a atuação e direção de Wellington Rodrigues, da Cia. Teatral Moreira Campos. Depois de passar oito anos vivendo a personagem Dolores, no espetáculo EMBRIAGADA…EU QUERO DESABAFAR!, o ator e diretor Wellington Rodrigues resolveu vivenciar e contar a história de mais uma personagem feminina, e assim, lançar-se, mais uma vez, num trabalho desafiador e de extrema sensibilidade, explorando, sendo homem/ator, o universo feminino.
Viver o submundo dos invisíveis da sociedade não é uma tarefa fácil. Abordar o tema da prostituição, em especial, a prostituição feminina da segunda para a terceira idade, é algo complexo e de grande importância. Alguém já parou para pensar como vivem as mulheres da vida com idade que transitam dos 45 aos 50, 60, 70 e 80 anos e que ainda estão na ativa? O que elas enfrentam na marginalidade do seu oficio, dia após dia? Seus sonhos, angústias, dilemas…o psicológico e o emocional dessas mulheres??? Pois bem, foram esses pontos de vista e indagações que me fizeram revisitar e montar o espetáculo VELHA MOÇA.
Para tal, mais uma vez, revisitei o universo poético da música brega popular brasileira, ouvindo as músicas de Roberto Muller, Bartô Galeno, Evaldo Ribeiro, Carlos Alexandre, Antônio Marcos, Abílio Farias, Evaldo Braga, dentre outros; bem como pesquisar a vida dessas pessoas em documentários, nos bares, nas ruas e nas casas de prostituição de Fortaleza. Busquei mostrar a vida de mulheres simples, aquelas que moram nas periferias e/ou centro da cidade…e que sobrevivem nas praças, ruas e bares vendendo sexo por uma micharia (programas que variam de 15 a 30 reais). Busquei me inspirar em relatos e histórias reais de vida e de boêmia; busquei trazer a cena os perigos da noite, as situações de comicidade e de tristeza vividas por essas damas da noite, os encontros e desencontros com a sorte, com o amor, com o destino amargo. Adentrei numa ferida ardente e dolorosa silenciada pela sociedade: “existe um muro entre mim e a sociedade. (…) eu sou a doença e a cura da sociedade”, assim diz Jane, minha personagem.
A construção do texto partiu da seguinte curiosidade: como seria a vida de uma prostituta quando esta se depara com a velhice? Além desse ponto de partida, me veio à tona a lembrança de histórias e de relatos contados por pessoas que trabalhavam em bares no centro da cidade, em especial, as contadas por donos de bares, garçons e homens e mulheres que frequentavam ambientes bem populares. Durante o processo de construção textual também me veio à tona a lembrança de cantores e músicas que fizeram e continuam fazendo parte da vida boêmia de muitas pessoas que continuam a viver o submundo da vida noturna nas grandes cidades; canções compostas e interpretadas por Roberto Muller, Bartô Galeno, Evaldo Ribeiro, Carlos Alexandre, Antônio Marcos, Abílio Farias, Evaldo Braga, dentre outros. Cantores/canções que provocam alegria e tristeza ao mesmo tempo.
Desafios foram lançados. Desafios múltiplos: uma produção sem dinheiro, estreia em um dia da semana (estreia dia 09 de novembro de 2017, no Teatro Sesc Iracema, em Fortaleza), monólogo, levando a frente a história de um grupo que, em 2018, completa seus vinte anos de existência e resistência.
Era preciso coragem. Como num ritual dionisíaco, Jane entrega-se não só aos palcos da vida, mas agora, aos palcos do fazer teatral, dizendo palavras repletas de sentimentos que ecoam pelos quatro cantos do palco, como a forte batida de um coração alado.
A Cia. Teatral Moreira Campos
A Cia. Teatral Moreira Campos foi fundada no ano de 1998, por alunos do Curso de Letras e do Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará – Wellington Rodrigues, Kátia Meireles, Giovanni Marssallis e Vicente Jr. -, tendo, inicialmente, como principal objeto de pesquisa, obras da literatura brasileira e universal. Atualmente, sob a direção do ator e diretor Wellington Rodrigues, a companhia passou a explorar temas diversos, dentre eles, a musicalidade considerada “brega” em nosso país; obras de intenso valor cultural e emocional.
Ao longo de dezenove anos, vários atores e diretores da classe artística de Fortaleza passaram pelo grupo. A companhia participou de festivais locais, regionais e nacionais de teatro, sendo indicada a prêmios. Montou três esquetes e oito espetáculos: A Morte e a Alta Costura (1998-2001), Odisséia I (1999), Odisséia II (2000), Relembranças (2001), Agosto (2001-2002), Os Sertões (2002-2004), A Casa (2004-2005), Embriagada…eu quero desabafar (2009…); Velha Moça (2017 – estreia dia 09 de novembro de 2017, no Teatro Sesc Iracema, as 20 horas; inspirada na música brega brasileira e na vida de mulheres prostitutas acima dos 45 anos de idade).
O nome do grupo é uma homenagem a um dos maiores contistas da literatura cearense, Moreira Campos, nascido na cidade de Senador Pompeu, em janeiro de 1914. Foi professor da Universidade Federal do Ceará, membro da Academia Cearense de Letras e integrante do grupo literário Clã. É autor, dentre outras obras, do livro de contos Dizem que os cães vêem coisas. Moreira Campos faleceu em Fortaleza, em maio de 1994.
Sobre o Ator, Diretor, Dramaturgo e Professor de Teatro e Literatura Wellington Rodrigues.
Wellington Rodrigues é formado em Letras, Especialista em Cultura Clássica, Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Ceará e Doutorando em Literatura Comparada pela UFC. Também é formado pelo Curso de Arte Dramática da UFC. Ator, diretor, dramaturgo. Foi Professor do Curso de Teatro da Universidade Regional do Cariri – URCA – Ceará (2013-2015). Atualmente é Professor de Língua Portuguesa e Artes no Instituto Federal do Ceará. Fundador da Cia. Teatral Moreira Campos. Ao longo de dezenove anos no teatro como ator e produtor, fez 18 espetáculos – A MORTE E ALTA COSTURA (1998-2002), ODISSEIA I (1999), ODISSÉIA II (2000), RELEMBRANÇAS (2000), AGOSTO (2001-2002), A INVASÃO (2001-2002, pelo Curso de Arte Dramática da UFC), AS MENINAS SUPERPODEROSAS CONTRA O MACACO LOUCO (2001, pelo Grupo Palcos Produções) , O ÚLTIMO CARRO (2001, pelo Grupo Palcos Produções), OS SERTÕES (2002-2003), LOS PATETAS (2003, pelo Grupo Palmas Produções Artísticas), LOS TÍTERES DE CACHAMORRA (2003-2004, pelo Grupo Palmas Produções Artísticas), A CASA (2004), ENTRE O AMOR E O ÓDIO (2005, pelo Grupo Palmas Produções Artísticas), SETE VEZ SENTENTA (2005, pelo Grupo Palmas Produções Artísticas), ABRACADABRA (2008, pelo Cia. Marmotas Produções), EMBRIAGADA…EU QUERO DESABAFAR! (2009-2017), BRANCA DE NEVE, A HISTÓRIA QUE SUA MÃE NUNCA CONTOU! (2010-2012, pelo Cia. Marmotas Produções), VELHA MOÇA (2017). Foi indicado pelo Prêmio Balaio do Ceará nas seguintes categorias: Melhor Produção, Ator Revelação e Ator Coadjuvante. Participou como ator convidado de espetáculos montados pela Companhia Palmas Produções Artísticas, pelo Grupo Palcos Produções Artísticas e pelo grupo Bilu Bila de Teatro. Em dezembro de 2015 e janeiro de 2016, foi convidado pelo grupo de brincantes de teatro da cidade do Porto a participar do espetáculo “Auto do Boi”. Este trabalho foi apresentado na cidade do Porto, Coimbra, Lisboa, Aveiro (Portugal). Em outubro de 2017, teve a sua primeira peça de teatro, EMBRIAGADA…EU QUERO DESABAFAR!, publicada no livro PERCURSOS DA LITERATURA NO CEARÁ, contribuindo assim, para a produção literária em nosso Estado.
Texto, direção, concepção cênica, figurino, adereços, maquiagem, iluminação, sonoplastia e produção executiva: Wellington Rodrigues.
Execução de Iluminação: Wladimir Cavalcante.
Execução de Sonoplastia: Roni Cavalcante.
Realização: Cia. Teatral Moreira Campos.
Serviço:
Velha Moça
Monólogo com o ator, diretor e dramaturgo Wellington Rodrigues. Execução de Iluminação e Sonoplastia: Wladimir Cavalcante e Roni Cavalcante. Assistente de Produção: Camila Torres e Verônica Rodrigues.