Imagine mudar de gênero a cada minuto, sendo menino sempre nos minutos pares e menina nos ímpares. Esse dilema traça o percurso vivenciado pela criança no espetáculo infantil “O Regresso dum barquinho de papel”, que estreia no palco principal do Theatro José de Alencar nos dias 03, 10 e 24 de fevereiro, aos domingos, com sessões às 17h.
A obra se apropria do realismo fantástico para contar a história da criança que ora é Beta, ora é Beto. Nessa fábula ambientada em um vilarejo sem água, a personagem, que vive com a bisavó e a cadelinha Baleia, encontra um misterioso bicho gigante no meio da mata. Após esse encontro, a vida da personagem e também o vilarejo passam por mudanças e descobertas que trazem ao espectador reflexões sobre a infância e a relação da humanidade com a natureza. O espetáculo tem direção de Luís Carlos Shinoda, que também atua na montagem.
A peça é uma adaptação do texto “O Braço do Pai”, do dramaturgo Rafael Barbosa e utiliza a cena imagética, sem o uso de falas, com uma proposta sonora e sensorial. “O espetáculo trabalha com som, imagem e manipulação de objetos se desvencilhando das armadilhas da cultura midiática para a infância, como o excesso de colorido, a presença de personagens ingênuas e os roteiros fáceis que subestimam a aprendizagem das pequenas e dos pequenos”, pontua Shinoda.
Gênero na infância
O Regresso Dum Barquinho de Papel estreia no momento em que os estereótipos de gênero na infância são discutidos no país, aprisionando as crianças em caixinhas, dividindo as cores que podem usar, os brinquedos, as roupas, o comportamento, os ideais e os sonhos de cada uma. “Enquanto discurso, notamos que o trabalho que fomos desenvolvendo naturaliza a mudança de gênero daquela criança a tratando como um ser daquele universo fantástico, daquele vilarejo que é capaz de abrigar as mais fantasiosas criaturas. Deixamos os espectadores livres para construírem junto com a gente a identidade daquela personagem”, ressalta Gabi Gomes, atriz do espetáculo.
Relação com a natureza
Outra temática abordada no espetáculo é a proximidade da personagem com o meio ambiente e como essa relação se torna singular ao passar do tempo. Para Shinoda, “o espetáculo possui várias mensagens que se entrecruzam e deixam com que o público se identifique ao seu critério. Mas, é importante ressaltar a relação da criança com o Bicho Gigante, enaltecendo o carinho, o afeto e o respeito que o homem deve ter com os seres vivos – o cuidado com a natureza”.
Sobre o Cangaias
O Cangaias Coletivo Teatral surgiu em 2012 e atua nas áreas de pesquisa, formação e produção. Tem em seu repertório espetáculos infantis como “Miau!” e “O regresso dum barquinho de papel”; e o adulto “Na Colônia Penal”, obras que trazem reflexões sobre sociedade, contemporaneidade e seus desdobramentos.
O grupo participou de importantes festivais, como o For Rainbow, Festival Maloca Dragão, Festival Popular de Teatro de Fortaleza, Festival de Teatro de Acopiara, Festival de Teatro de Fortaleza, entre outros. Hoje, além de trabalhar com uma pesquisa de linguagem continuada, o grupo vem se ocupando em fomentar cada vez mais a formação em artes cênicas no estado com a realização de oficinas e, principalmente, do Curso Livre de Práticas Teatrais (CLPT).
SERVIÇO:
Estreia do espetáculo infantil O regresso dum barquinho de papel
Data: Dias 03, 10 e 24 de fevereiro
Horário: 17h
Local: Palco Principal do Theatro José de Alencar
Valor: Ingressos R$20 (inteira) / R$10 (meia)
Mais informações: (85) 988383763